Ano: 2024
Selo: Partisan
Gênero: Eletrônica, Glitch Pop
Para quem gosta de: SOPHIE e Jockstrap
Ouça: High Beams e Starchris
Ano: 2024
Selo: Partisan
Gênero: Eletrônica, Glitch Pop
Para quem gosta de: SOPHIE e Jockstrap
Ouça: High Beams e Starchris
Os minutos iniciais de Starchris (2024, Partisan), mais recente álbum do produtor norte-americano Chris Taylor como Body Meat, são essenciais para entender aquilo que o artista busca desenvolver ao longo do trabalho. Inaugurado em meio a orquestrações sublimes de A Tone in the Dark, o registro logo desemboca em uma corredeira de sintetizadores, batidas inexatas e vozes carregadas de efeitos em The Mad Hatter. É como um ensaio para o que embala a experiência do ouvinte até os minutos finais do disco, em Paradise.
São mudanças bruscas de direção e atravessamentos de informações que destacam o esforço do artista em jogar com os instantes. Exemplo disso fica bastante evidente na já conhecida High Beams. Talvez contida em seus minutos iniciais, lembrando as criações densas de Kim Gordon em The Collective (2024), a faixa aos poucos se transforma e convida o ouvinte a se perder em um labirinto de batidas tortas, sintetizadores e vozes guturais que potencializam aquilo que Taylor havia testado em álbuns como Truck Music (2019).
Partindo dessa abordagem imprevisível, Taylor faz de cada canção um campo permanentemente aberto às possibilidades. Em Focus, por exemplo, são bases sintéticas que encolhem e crescem a todo instante, como uma representação instrumental das angústias detalhadas nos versos existenciais da composição. Já em North Side, são bases reducionistas que se completam pelas vozes marcadas pelo auto-tune, proposta que explode nos momentos finais, fazendo com que a música soe como um remix torto do trabalho de Bon Iver.
Mesmo quando desacelera momentaneamente, como em Right Here, Taylor nunca deixa de impressionar. Perfeita representação desse resultado pode ser percebida na atmosférica Right Here. Livre das batidas, o produtor se aprofunda na construção de uma faixa puramente atmosférica, como uma canção perdida de How To Dress Well. São flertes ocasionais com o R&B e ambientações sutis, porém sempre pontuados pelo uso de elementos dissonantes e quebras ocasionais, destacando a riqueza de ideias que move Body Meat.
Entretanto, é quando alcança um ponto de equilíbrio entre esses dois extremos, além, claro, de incorporar elementos de música pop, que Taylor garante ao público algumas de suas melhores criações. É o caso de Crystalize. São pouco mais de seis minutos em que o produtor parte de uma base atmosférica, cai na IDM e leva o repertório de Starchris para outras direções. A própria faixa-título, com suas batidas que evocam SOPHIE e outros nomes do hyperpop, é outra que chama a atenção pela completa versatilidade do artista.
Interessante notar que, mesmo diverso, Starchris se revela ao público como uma obra bastante consistente. Da escolha dos timbres, passando pelo uso das batidas e sintetizadores, tudo gira em torno de um mesmo universo criativo. São canções que, vez ou outra, replicam sem qualquer traço de originalidade o trabalho de veteranos como Aphex Twin e Death Grips, porém encontram sempre um ponto de ruptura que não apenas evidencia a identidade de Body Heat, como a imprevisível força criativa que movimenta o disco.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.