Ano: 2024
Selo: Fat Possum
Gênero: Jazz, Art Pop
Para quem gosta de: Stereolab e Quickly, Quickly
Ouça: As Above So Below e Love Weapon
Ano: 2024
Selo: Fat Possum
Gênero: Jazz, Art Pop
Para quem gosta de: Stereolab e Quickly, Quickly
Ouça: As Above So Below e Love Weapon
A frase extraída da peça City Archives (1978), uma criação em vídeo do dramaturgo de vanguarda Richard Foreman, em Would You Rather?, ajuda a entender aquilo que os integrantes do Fievel Is Glauque buscam desenvolver no terceiro e mais recente trabalho de estúdio da banda, Rong Weicknes (2024, Fat Possum). “Neste registro há lacunas. Mas elas são preenchidas com imagens. Você prefere ter uma explicação ou uma imagem?”, questiona a voz densa de Foreman, preparando o terreno para o que ainda está por vir.
Uma vez ambientado a esse cenário de incertezas, com imagens sonoras e poéticas a serem preenchidas pelo próprio ouvinte, cada nova composição se transforma em um curioso objeto criativo nas mãos da cantora e compositora francesa Ma Clément e o compositor e pianista estadunidense Zach Phillips. São canções que partem de uma abordagem jazzística, sempre abertas a improvisos e atravessamentos de informações que jogam com a interpretação do público, mas que sabem exatamente onde querem chegar.
Assim como aconteceu com Geordie Greep, no recente The New Sound (2024), Rong Weicknes chama a atenção pela forma como Clément e Phillips combinam diferentes estilos, muitos deles dissonantes, porém, preservando a própria identidade criativa. Canções que vão da música brasileira ao pop progressivo, do art rock ao jazz em uma abordagem tão imprevisível quanto deliciosamente hipnótica. É como uma intensa combinação de estilos, ritmos e vozes que orientam a experiência do ouvinte até os minutos finais da obra.
Posicionada logo nos minutos iniciais do disco, As Above So Below funciona como uma boa representação desse resultado. Pouco mais de três minutos em que ambientações sutis e sopros aos poucos se permitem invadir pela fluidez das guitarras e batidas, levando o material para outras direções. Essa mesma riqueza de ideias pode ser percebida na própria faixa-título do trabalho, canção que parte da leveza explícita na antecessora Love Weapon, porém amplia de forma significativa os horizontes e possibilidades da banda.
Embora executado de maneira intensa e sempre marcada pela fluidez dos elementos, não há como ignorar o fato de que muitos dos elementos explorados em Rong Weicknes foram previamente testados pela dupla nos antecessores God’s Trashmen Sent to Right the Mess (2021) e Flaming Swords (2022). Da escolha dos timbres aos temas detalhados dentro de cada canção, poucos são os momentos em que Clément e Phillips sejam capazes de garantir ao ouvinte algo realmente novo quando próximo dos antigos discos do grupo.
Ainda assim, notável é o capricho da dupla que, mais uma vez, decidiu gravar o registro ao vivo e contou com o suporte de um seleto time de instrumentistas. O resultado desse processo está na entrega de uma obra de atmosfera bastante familiar, como uma extensão natural dos registros que o antecedem, mas que em nenhum momento deixa de encantar o ouvinte. Da maciez das vozes ao tratamento dado aos arranjos, tudo parece pensado para evidenciar o compromisso dos integrantes do Fievel Is Glauque em estúdio.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.