Ano: 2025
Selo: Secretly Canadian
Gênero: Dream Pop
Para quem gosta de: Alvvays e Jay Som
Ouça: Only One Laughing e Lose It Again
Ano: 2025
Selo: Secretly Canadian
Gênero: Dream Pop
Para quem gosta de: Alvvays e Jay Som
Ouça: Only One Laughing e Lose It Again
Terceiro e mais recente trabalho de estúdio de Hatchie, Liquorice (2025, Secretly Canadian) concentra o que há de melhor na obra de Harriette Pilbeam. Enquanto os versos fazem valer o lirismo agridoce que dá título ao registro, camadas de guitarras, ruídos moderados e melodias enevoadas confessam algumas das principais influências da artista australiana, porém, preservando e potencializando a própria identidade.
Segunda faixa do disco, Only One Laughing sintetiza isso de forma bastante eficiente. São pouco mais de quatro minutos em que Pilbeam, sempre acompanhada pelos produtores Joe Agius e Melina Duterte (Jay Som), vai do jangle pop de veteranos como The Smiths ao som etéreo de nomes como Cocteau Twins. Um delicado jogo de sensações que ainda se completa pelos versos que tratam sobre desconexão emocional.
E isso é apenas uma fração do disco. A cada nova faixa, Pilbeam traz de volta a essência de artistas como The Sundays, Mazzy Star e Lush sem necessariamente perder o controle da própria criação. Das texturas geradas pela distorção das guitarras, passando pelo uso complementar dos sintetizadores, tudo soa como uma extensão natural de daquilo que a musicista tem incorporado desde a estreia com Keepsake (2019).
A principal diferença em relação aos antigos trabalhos da cantora, principalmente o antecessor Giving the World Away, em que se permitiu flertar com a música psicodélica, está na forma como Pilbeam investe em um repertório marcado pelo fino acabamento pop. São canções marcadas por ganchos melódicos, versos cíclicos e toda uma combinação de elementos que grudam na cabeça do ouvinte logo na primeira audição.
Não por acaso, Pilbeam fez de Lose It Again a faixa escolhida para anunciar a chegada do disco. Dos versos que revisitam memórias intensas e perseguem um amor impossível, passando pela fluidez das guitarras e batidas, difícil não se deixar conduzir pelo som apresentado pela artista. Essa mesma riqueza de detalhes pode ser percebida em outros momentos no decorrer do trabalho, como no pop etéreo de Carousel e Sage.
Ainda assim, Liquorice não chega a promover uma ruptura significativa dentro da obra da cantora. Mesmo que Pilbeam refine cada nuance do próprio som, o álbum pouco avança criativamente, repetindo fórmulas e elementos testados nos trabalhos anteriores. É como um gesto seguro, proposta que reforça a qualidade de Hatchie como artista, mas deixa à mostra a completa ausência de riscos e a busca por transformação.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.