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Ano: 2012

Selo: Urban Jungle

Gênero: Eletrônica, Art Pop, R&B

Para quem gosta de: Teto Preto e Linn da Quebrada

Ouça: Do Not Tell Me e Canto de Sereias

7.7
7.7

L’Homme Statue: “Ser”

Ano: 2012

Selo: Urban Jungle

Gênero: Eletrônica, Art Pop, R&B

Para quem gosta de: Teto Preto e Linn da Quebrada

Ouça: Do Not Tell Me e Canto de Sereias

/ Por: Cleber Facchi 03/12/2021

Estreia de Loïc Koutana como L’Homme Statue, Ser (2021, Urban Jungle) é uma obra de possibilidades. Produzido em parceria com Pedro Zopelar, com quem tem colaborado desde os tempos como integrante do coletivo Teto Preto, o registro de dez faixas faz de cada composição um objeto isolado. Instantes em que o multiartista afro-francês transita por entre estilos de forma deliciosamente versátil e imprevisível, estrutura que vai da construção dos versos, sempre cantados em diferentes idiomas, ao tratamento dado à formação das batidas e fina tapeçaria instrumental que ganha forma e cresce ao fundo do trabalho.

Não por acaso, Koutana fez de Do Not Tell Me a canção escolhida para representar o disco. São pouco mais de cinco minutos em que batidas inexatas ganham forma em uma medida própria de tempo, cercando e ambientando o ouvinte ao estranho território criativo que se completa pelos sintetizadores empoeirados de Zopelar. Um precioso cruzamento de informações que vai do funk ao jazz, do experimentalismo eletrônico ao uso de versos cantados em inglês, francês e português. Ideias, quebras e atravessamentos rítmicos que apontam a direção seguida pela dupla até a música de encerramento do trabalho, a atmosférica Obrigado.

Dentro desse espaço aberto às possibilidades, Koutana se divide entre momentos de maior calmaria e instantes de evidente experimentação. Vem justamente desse primeiro grupo a delicada Amor de Férias. Enquanto a letra reflete a completa melancolia e vulnerabilidade do artista – “Eu confiei em você / Te dei tudo / Mas eu perdi / Pelo menos aprendi” –, sintetizadores jazzísticos potencializam a forte carga emocional que invade a composição. É como se Zopelar fosse de encontro ao mesmo território criativo desbravado nos ainda recentes Mensagem (2021) e Universo (2021), porém, de forma ainda mais sensível.

Em Jalousie, quarta faixa do disco, uma clara representação desse segundo bloco de canções. Do momento em que tem início, a partir de uma mensagem enviada pelo celular, cada fragmento da composição parece transportar o ouvinte para um novo território criativo. São batidas densas, samples, ruídos e fragmentos de vozes que se distanciam de qualquer traço de linearidade. Instantes em que Koutana amplia de forma ainda mais interessante tudo aquilo que havia testado em uma série de outras músicas reveladas ao público antes mesmo do lançamento do álbum, caso da também imprevisível Braços/Vela e Egoísta.

Interessante perceber no cruzamento entre esses dois extremos a passagem para algumas das melhores faixas do disco. E isso fica bastante evidente em Canto de Sereias, logo na abertura do registro. Inaugurada em meio a sintetizadores atmosféricos e melodias cuidadosamente trabalhadas dentro de estúdio, a canção rapidamente se converte em um labirinto de sons, ritmos e sensações. Esse mesmo direcionamento acaba se refletindo minutos à frente, em Liberté, música que encolhe e cresce a todo instante, produto da permanente sobreposição de vozes e batidas que parecem jogar com a experiência do ouvinte.

Com base nessa sobreposição de ideias, Koutana entrega uma obra em que consolida a identidade versátil que tem sido construída desde os tempos como integrante do Teto Preto, porém, de forma homogênea. Ainda que cada composição aponte para uma direção diferente, perceba como o cantor, sempre acompanhado de Zopelar, utiliza de elementos que conectam as canções. Da manipulação das vozes ao encaixe dos sintetizadores, tudo orbita um universo bastante particular, resultando em uma continuação dos trabalhos em que o multiartista esteve envolvido e uma passagem para os futuros registros autorais.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.