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Crítica

Youth Lagoon

: "Rarely Do I Dream"

Ano: 2025

Selo: Fat Possum

Gênero: Indie Pop

Para quem gosta de: Chanel Beads e Alex G

Ouça: Lucy Takes a Picture e Gumshoe

7.6
7.6

Youth Lagoon: “Rarely Do I Dream”

Ano: 2025

Selo: Fat Possum

Gênero: Indie Pop

Para quem gosta de: Chanel Beads e Alex G

Ouça: Lucy Takes a Picture e Gumshoe

/ Por: Cleber Facchi 13/03/2025

Dois anos após o retorno com Heaven Is a Junkyard (2023), trabalho que deu fim ao longo período de hiato do Youth Lagoon, Travor Powers está de volta com um novo registro de inéditas, Rarely Do I Dream (2025, Fat Possum). E ele não decepciona. Próximo e, ao mesmo tempo, distante dos últimos discos do compositor norte-americano, o material equilibra nostalgia e um fino toque de renovação de maneira bastante sensível.

Povoado por trechos de áudio extraídos de antigos vídeos em VHS da família de Powers, Rarely Do I Dream traz de volta a atmosfera enevoada de registros como The Year of Hibernation (2011), porém, preservando a própria identidade. São canções como My Beautiful Girl e Neighborhood Scene que destacam o uso dos pianos e melodias que instantaneamente se conectam aos versos confessionais de cada nova composição.

Entretanto, é quanto mais se distancia desse resultado que o músico garante ao público algumas de suas melhores criações. Exemplo disso fica bastante evidente em Gumshoe (Dracula From Arkansas). Com uma atenção maior às guitarras, baixo e bateria, Powers deixa de lado o pop etéreo dos antigos trabalhos para mergulhar no pós-hardcore dos anos 1990, evocando as composições de Fugazi e outros nomes do gênero.

De fato, Rarely Do I Dream talvez seja o registro mais exploratório da carreira do Youth Lagoon. Ainda que muitas das canções que integram o disco pareçam apoiadas de maneira confortável nos antigos trabalhos do músico, prevalece o esforço de Powers em ampliar os próprios horizontes. São criações como Canary, com seus metais e batidas dinâmicas, que levam a produção do artista estadunidense para outras direções.

Mesmo quando trilha um percurso bastante similar ao explorado nos antigos registros, Powers tem sempre um elemento em mãos que rompe com o óbvio. Em Lucy Takes A Picture, por exemplo, são diálogos com o pop, efeito das melodias cantaroláveis que fazem lembrar de Siouxsie and the Banshees. Já na energizante Speed Freak, são batidas, sintetizadores e bases acelerados, rompendo com a habitual suavidade do álbum.

Dessa forma, Rarely Do I Dream se consolida como um dos registros mais versáteis do repertório de Youth Lagoon. Entre momentos de contemplação nostálgica e incursões por novas referências, Powers reafirma a própria identidade sem se prender ao passado. O resultado é um disco que, mesmo enraizado na estética etérea do artista, encontra força na renovação e conduz o ouvinte para direções totalmente inimagináveis.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.