Ano: 2024
Selo: Tartelet Records
Gênero: Eletrônica, Dance
Para quem gosta de: Teto Preto e Vermelho
Ouça: Ritmo Freak e Gabriellinha's Boogie
Ano: 2024
Selo: Tartelet Records
Gênero: Eletrônica, Dance
Para quem gosta de: Teto Preto e Vermelho
Ouça: Ritmo Freak e Gabriellinha's Boogie
Zopelar sempre manteve uma forte relação com as pistas, porém, nunca de maneira tão explícita quanto em Ritmo Freak (2024, Tartelet Records). Menos voltado aos estudos elaborados no antecessor Charme (2022), o trabalho de oito faixas chama a atenção pela simplificação dos elementos, como se o produtor se distanciasse de possíveis exageros estéticos para focar apenas no essencial: a construção das batidas. São pouco mais de 30 minutos em que o paulistano faz o que sabe de melhor, convidando o ouvinte a dançar.
Com a própria faixa-título como canção de abertura, o produtor apresenta parte dos elementos que serão incorporados ao longo do trabalho, como as camadas de sintetizadores, fragmentos de vozes e samples que se entrelaçam em uma estrutura rítmica totalmente hipnótica. São estruturas que a todo momento dialogam com estrangeiros como Todd Terje e Lindstrøm, porém, preservando o caráter abrasivo do som de Zopelar, direcionamento reforçado com a entrega da posterior Beat Me, música que parece pronta para as pistas.
Menos urgente em relação ao restante do material, porém, ainda mais fascinante é a ótima Gabriellinha’s Boogie. Deliciosamente nostálgica, como um aceno para o repertório explorado por Zopelar em Universo (2021) e Mensagem (2021), a composição destaca a relação do artista com os ritmos nacionais como um respiro breve. Essa mesma busca por novas possibilidades acaba se refletindo em Distraction, música que funciona como um campo aberto aos sintetizadores e pequenas experimentações do produtor paulistano.
Com o trabalho em marcha lenta, o produtor suaviza ainda mais e abre passagem para Safe In The Dark, composição que, embora livre da euforia que marca os minutos iniciais do disco, chama a atenção pelo sempre meticuloso processo de criação e esforço de Zopelar em destacar cada mínimo componente da obra. É como um preparativo para o que se revela minutos à frente, em Moonlight, essa sim, arquitetada para as pistas e completa pela produção adicional de Manuel Darquart, com quem o artista divide faixa.
Embalado por essa mesma fluidez e maior destaque à construção das batidas, Zopelar prepara o terreno para uma das composições mais interessantes do trabalho, Free Your Spirit (Ritmo II). Com pouco mais de cinco minutos de duração, a música chama a atenção pela riqueza dos elementos e capacidade do artista em condensar décadas de referências em um curto intervalo de tempo. São diferentes variações rítmicas e abordagens que vão dos primórdios do hip-hop ao uso de temas dançantes que dialogam com o presente.
Pena que essa riqueza rítmica não acompanha o ouvinte até os minutos finais, vide a ruptura proposta em Hotel Room, composição dotada de um minimalismo excessivo, com seus sintetizadores atmosféricos e uso cinematográfico do saxofone, porém, fundamental após a intensa jornada proposta pelo produtor ao longo do trabalho. Afinal, depois de convidar o ouvinte a se perder pelas pistas e assumir diferentes abordagens, nada mais justo do que um momento de doce calmaria dentro de um material que trilha tantos percursos.
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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.