Disco: “Valhalla Dancehall”, British Sea Power

/ Por: Cleber Facchi 12/01/2011

British Sea Power
Indie Rock/Alternative/Britpop
http://www.myspace.com/britishseapower

 

O British Sea Power é sem dúvidas uma dessas bandas em que seus integrantes cresceram ouvindo o que havia de melhor no rock britânico dos anos 80 e 90. É visível em cada acorde o quanto o grupo tenta copiar se inspirar nas bandas que marcaram sua juventude. E não era pra menos. Joy Division, The Cure, um pouco de Blur, além de claro, o rock feito para as massas do U2. Há ainda um toque sofisticado dos canadenses do Arcade Fire pairando nas canções. Se com Do You Like Rock Music? (2008) o grupo chegava à maioridade, com o novo disco temos uma sequência dessa fase adulta da banda.

Antes de qualquer coisa Valhalla Dancehall (2011) é um disco bonito, sim, bonito. Todas as faixas vêm organizadas e pensadas milimetricamente, como se cada acorde executado no álbum fosse posto ali precisamente de maneira que jamais seja alterado. Boa parte disse vem do produtor Graham Sutton, responsável por apontar a direção ao grupo. Sutton que já trabalhou com gente tão distinta do mundo da música (como Metallica, Jarvis Cocker e These New Puritains) e sabe como ninguém o peso de uma boa produção em um disco.

O álbum é inegavelmente grandioso. As faixas vêm recheadas de instrumentação feita para acertar o ouvinte logo na primeira audição. O uso de guitarras bem elaboradas e acordes melódicos são os principais responsáveis por isso, já que as canções vão conduzindo o ouvinte até um clímax sonoro crescente. Em geral as canções começam pequenas, alguns acordes de piano pontualmente instalados vão conduzindo a faixa até que uma orquestração com base em guitarras se apodere da música, algo muito semelhante ao que é feito pelo U2 em praticamente toda sua discografia. Com certeza nas apresentações ao vivo com o publico cantando em coro o resultado deva ser muito maior.

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=w2n-7K0Ef6Y]

Contudo essas canções demonstram uma artificialidade extremamente plástica em suas composições. Como se fossem desenvolvidas sem uma naturalidade. A melhor canção que explica isso é Once More Now. Com mais de onze minutos é possível ver a fórmula escolhida pelo grupo se evidenciando com muita facilidade. O começo calmo, os acréscimos de guitarra, a bateria em looping, o refrão pegajoso e o ápice, em que tudo isso se encontra, dá até pra fechar os olhos, levantar os braços, acender o isqueiro e cantar com a banda.

Você pode até não concordar e dizer que o disco é maravilhoso, repleto de virtuosismo e outros atributos que possa angariar para o álbum. Mas passe a observar o quanto a fórmula vai se mostrando contínua. Canções emocionalmente construídas como Baby, Luna, Observe The Skies parecem tão iguais que se você estiver desligado vai achar que é uma só faixa.

Entretanto negar que os membros da banda encabeçados por Scott “Yan” Wilkinson não sabem tocar seria heresia. Talvez seja aí que o grupo de fato consiga chegar aos seus ouvintes. Os músicos sabem tocar seus instrumentos como ninguém, se escondendo em meio a camadas de pura melodia pop, porém insistem em se fixar em fórmulas tão simples quanto a empregada no novo disco. Valhalla Dancehall é um bom álbum, tocado por uma banda instrumentalmente inspirada, repleto de faixas bonitas, mas nada além disso. Quem sabe se eles arriscassem um pouco mais da próxima vez o resultado que já é bom seria ainda melhor.

 

Valhalla Dancehall (2011)

 

Nota: 6.5
Para quem gosta de: Doves, Brakes e Super Furry Animals
Ouça: We Are Sound

 

Por: Cleber Facchi

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.