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Crítica

Jack White

: "No Name"

Ano: 2024

Selo: Third Man Records

Gênero: Rock

Para quem gosta de: The Raconteurs e The Dead Wather

Ouça: That's How I'm Feeling e Old Scratch Blues

7.8
7.8

Jack White: “No Name”

Ano: 2024

Selo: Third Man Records

Gênero: Rock

Para quem gosta de: The Raconteurs e The Dead Wather

Ouça: That's How I'm Feeling e Old Scratch Blues

/ Por: Cleber Facchi 12/08/2024

Por mais interessante que tenha sido acompanhar o trabalho de Jack White no decorrer da última década e ver o músico norte-americano ampliar os próprios horizontes dentro e fora de estúdio, faltava ao artista a mesma crueza explícita nos primeiros anos de seu principal projeto, a banda The White Stripes. Prazeroso perceber em No Name (2024, Third Man Records), mais recente álbum do guitarrista em carreira solo, um repertório que não apenas traz de volta como potencializa essa essência ruidosa do multi-instrumentista.

Lançado de surpresa e de maneira bastante inusitada, com cópias em vinil não identificados do material sendo depositados nas sacolas de clientes que compravam discos nas lojas físicas da própria gravadora, a Third Man Records, No Name concentra o que há de melhor na obra do músico de Detroit. São canções marcadas pelo reducionismo dos elementos e uso de vozes parcialmente submersas, como se captadas de um cômodo ao lado, mas que destacam a principal ferramenta de trabalho do instrumentista: as guitarras.

Assim como havia ensaiado em Fear of the Dawn (2022), White traz de volta a mesma urgência de álbuns como White Blood Cells (2001) e Elephant (2003), porém, substituindo a bateria contida de Meg White, com quem dividia a banda, por uma abordagem essencialmente dinâmica e que complementa os arranjos sujos do guitarrista. É como um insano cruzamento de informações que vai dos primórdios do blues ao garage rock da década e 1970 em uma potência que não se via nas criações do artista desde Blunderbuss (2012).

A própria escolha em evitar instrumentos acústicos, base para o antecessor Entering Heaven Alive (2022), parece contribuir ainda mais para esse resultado. Como indicado logo na canção de abertura, Old Scratch Blues, tudo gira em torno do uso das guitarras e das possibilidades que o artista consegue alcançar com o instrumento. Não se trata de algo necessariamente novo dentro da obra de White, vide a forte similaridade com outros registros do próprio guitarrista, porém, difícil não ceder a seus encantos e acordes magnéticos.

Em That’s How I’m Feeling, por exemplo, são inserções inicialmente contidas, mas que explodem em uma variedade de cores, ritmos e formas instrumentais que destacam a versatilidade de White em estúdio. Já em Terminal Archenemy Endling, um inusitado flerte com a música psicodélica, proposta que nunca foi propriamente explorada dentro da discografia do guitarrista. Surgem ainda canções como Underground e Archbishop Harold Holmes, destacando o experimentalismo que vez ou outra reverbera na obra do artista.

Passeio consciente pela própria criação, No Name traz de volta uma série de elementos característicos do trabalho de White, porém livres do saudosismo e da nostalgia barata presente em outros exemplares que partilham do mesmo aspecto revisionista. Longe dos excessos aplicados em álbuns como Lazaretto (2014) e Boarding House Reach (2018), o guitarrista se concentra na apresentação de um material que vai direto ao ponto, emendando uma composição na outra sem que o ouvinte tenha qualquer chance de escapatória.

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Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.