Ano: 2025
Selo: XO / Republic
Gênero: R&B
Para quem gosta de: SZA e Bruno Mars
Ouça: Open Hearts, Timeless e The Abyss
Ano: 2025
Selo: XO / Republic
Gênero: R&B
Para quem gosta de: SZA e Bruno Mars
Ouça: Open Hearts, Timeless e The Abyss
Se existe uma coisa que Abel Tesfaye há muito demonstrou ser capaz de fazer são boas trilogias. Mais de uma década após o lançamento de House of Balloons (2011), Thursday (2011) e Echoes of Silence (2011), o cantor e compositor canadense retorna com o que promete ser seu último trabalho sob a alcunha de The Weeknd, Hurry Up Tomorrow (2025, XO / Republic). São 22 canções em que dá continuidade à jornada sentimental iniciada com After Hours (2020) e aprimorada no repertório do posterior Dawn FM (2022).
Ainda mais romântico e confessional do que nos registros anteriores, Tesfaye parte de uma narrativa que combina queda e ascensão para tratar de libertação emocional. É como um extenso catálogo de canções marcadas pela força dos sentimentos, relacionamentos instáveis e momentos de maior vulnerabilidade, mas que ainda funciona como metáfora para esse último ato criativo arquitetado pelo artista canadense.
“A morte não é nada, ela não conta / Eu apenas escapei para o quarto ao lado”, reflete em Red Light, faixa em que canta sobre o fim desse ciclo e início de uma nova fase na carreira. Entretanto, antes de mostrar o que ainda está por vir, Tesfaye faz o que sabe de melhor em Hurry Up Tomorrow. Do momento em que tem início, nos sintetizadores crescentes de Wake Me Up, colaboração com os franceses do Justice, até alcançar a derradeira faixa-título, o canadense não economiza em garantir ao público uma série de ótimas canções.
É o caso de Open Hearts. Enquanto os versos destacam as incertezas que se perturbam a mente do artista (“Por onde eu começo / Quando abro meu coração? / Nunca é fácil se apaixonar de novo”), batidas rápidas e camadas de sintetizadores conduzem o ouvinte em direção às pistas, como uma extensão do repertório entregue em After Hours. Já em Reflections Laughing, com Travis Scott e Florence + The Machine, Tesfaye avança aos poucos, mergulha na década de 1980 e resgata a mesma teatralidade explorada em Dawn FM.
Surgem ainda colaborações com artistas como Playboi Carti (Timeless), Future (Enjoy the Show) e Lana Del Rey (The Abyss) que servem como acenos para os antigos trabalhos do cantor, reforçando o encerramento de um ciclo iniciado com o introdutório Kiss Land (2013). Nada que prejudique a entrega de composições capazes de lavar o disco para outras direções. Exemplo disso fica bastante evidente em I Can’t Wait to Get There, canção em que deixa de lado a atmosfera grandiosa do álbum para mergulhar em um R&B clássico.
Claro que, nesses esforço em provar de novas sonoridades e ainda estreitar laços com diferentes parceiros criativos, o cantor acaba tropeçando em uma série de composições que poderiam facilmente ser alocadas em reedições especiais do registro, como a versão assinada por Pharrell Williams. É o caso de São Paulo, deliciosa colaboração com Anitta, mas que parece totalmente deslocada do restante da trabalho. São fugas momentâneas que tumultuam o processo de audição do material, porém, nunca deixam de refletir a personalidade ambiciosa que Tesfaye sempre fez questão de evidenciar desde que deu início ao projeto.
Ouça também:
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.