Ringo Deathstarr
Noise Pop/Shoegaze/Indie
http://www.myspace.com/ringodeathstarr
É por conta de bandas como Ringo Deathstarr que o noise pop não deve jamais deixar de existir. Nuances toscas de guitarras, péssima qualidade das gravações, ruídos, sons abafados, vocais desconfigurados e quase inaudíveis, sujeira sonora a torto e direito e mais do que tudo: entusiasmo. Colour Trip (2011) mais recente disco desse trio texano é um trabalho que vem carregado por avalanches de guitarras e distorções maciças, sempre costuradas com toques importantes de música pop.
Formada pelos amigos Elliott Frazier, Daniel Coborn e Alex Gehring a banda vinda da cidade de Austin no Texas, já havia lançado dois discos de 7” (In Love e You Don’t Listen, ambos de 2009), um EP (Ringo Deathstarr EP em 2007) além do primeiro álbum inteiro (Sparkler, também de 2009). O fato de terem conseguido lançar seus trabalhos através de um selo japonês fez com que o grupo também excursionasse em território nipônico, o que contribuiu para a criação de um público bem fiel por lá. Em território nacional já frequentaram os principais festivais de música independente norte-americanos , inclusive o SXSW realizado em sua cidade natal.
Com Colour Trip a sonoridade mais enérgica do álbum de estreia chega de maneira muito mais dissolvida. Se antes eram bandas como My Bloody Valentine e Ride quem inspiravam o som do trio, nesse novo disco é a busca por grupos ao nível de Galaxie 500 e Slowdive, que caracterizam o som do álbum. Claro que ainda há aceleração e peso nas guitarras, a diferença é que dessa vez elas se dissolvem em massas sonoras muito mais perceptíveis do que na estreia. Ao invés de seguirem a modinha de artistas inspirados no surf rock (como nove em cada dez bandas do gênero), o grupo dá preferência a um som muito mais conciso e que se assemelha muito com o The Pains Of Being Pure At Heart ou com o Skywave.
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Com a tríade de abertura Imagine Hearts, Do It Every Time e So High, a banda vai do experimentalismo ao pop, de uma sonoridade direta à viajada em poucos minutos. Cada faixa expressa o som do grupo de diferentes maneiras. Enquanto a primeira pende para a construção de camadas de distorções e um lado mais climático, na segunda é a aceleração e guitarras sujíssimas que definem as regras. Desses dois ritmos surge a terceira faixa, que abre espaço inclusive para o uso de violões.
Em Two Girls e Kaleidoscope (principalmente) o Ringo Deathstarr se entrega de vez a criação de faixas repletas de texturas obscuras, vocais quase murmurados, além de uma exposição mais melancólica das letras. Isso segue até Tambourine Girl, que a partir da metade ganha um pouco mais de peso e acordes abertos, embora logo faça um retorno à sonoridade reclusa.
O uso de uma ambientação sintética assume as formas de Never Drive, faixa em que os vocais de Frazier se transformam em instrumento e culminam num dos melhores momentos do disco. Em You Don’t Listen o trio despeja uma sonoridade ao mesmo tempo adolescente e estranha, com momentos que vão de ternura ao desespero. Por fim o grupo se vale das batidas experimentais e dançantes em Other Things, uma dessas canções que remetem claramente aos anos 80.
Colour Trip (2011)
Nota: 7.5
Para quem gosta de: The Pains Of Being Pure At Heart, Skywave e Dream Diary
Ouça: Kaleidoscope
Por: Cleber Facchi
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.