Resenha: “Volcano”, Temples

/ Por: Cleber Facchi 09/03/2017

Artista: Temples
Gênero: Rock Psicodélico, Alternativo, Indie
Acesse: http://www.templestheband.com/

 

O Temples está longe de ser a banda mais original da presente safra do rock psicodélico. Pelo contrário, sobrevive na declarada reciclagem de ideias um poderoso estímulo para grande parte do material produzido pelo quarteto inglês. Um misto de passado (The Beatles, Love) e presente (Tame Impala, MGMT) que se apropria de diversos conceitos anteriormente testados por diferentes artistas, ponto de partida para o segundo álbum de estúdio do grupo: Volcano (2017, Heavenly / Fat Possum).

Sucessor do pop Sun Structures (2014), o trabalho de 12 faixas traz de volta o que há de mais interessante (e pegajoso) no som produzido pela banda inglesa. O coro de vozes e sintetizadores dançantes em Born into the Sunset, a força das guitarras e ambientações eletrônicas em Certainty, pequenos experimentos com a música pop na curiosa Celebration. Um verdadeiro caleidoscópio de cores e possibilidades que cresce durante toda a formação do álbum.

A principal diferença em relação ao trabalho lançado há dois anos está no explícito senso de renovação que marca o presente disco. Longe do som psicodélico dos anos 1960 e 1970, James Edward Bagshaw e os parceiros de banda Adam Thomas Smith, Thomas Edward James Walmsley e Samuel Toms buscam manter os dois pés firmes no presente, dialogando com a mesma sonoridade “eletrônica” que escapa de álbuns como Currents e Multi-Love, ambos de 2015.

Segunda faixa do disco, All Join In resume com naturalidade o interesse do grupo em provar de novas sonoridades. Entre beats, samples e sintetizadores, a composição se espalha lentamente, abrindo passagem para a formação de um som que mesmo “orgânico” encanta pela colagem de referências. O mesmo conceito acaba se repetindo em músicas como Roman God-Like Man e I Wanna Be Your Mirror, porém, de forma controlada, criando uma espécie de ponte para o disco lançado em 2014.

Interessante perceber em músicas como Oh The Savior e In My Pocket uma fuga declarada de todo esse universo de pequenos excessos. São arranjos acústicos que replicam a boa forma de Paul McCartney no começo da década de 1970. Composições marcadas pelo uso de versos despretensiosos e melodias doces, como um breve respiro dentro da avalanche de temas sintéticos e guitarras carregadas de efeito que se espalham da abertura ao fechamento do disco.

Intenso do primeiro ao último acorde, vide o cuidado na formação da derradeira Strange Or Be Forgotten, Volcano usa da força de cada composição como uma forma de suprir a própria ausência de originalidade. Difícil escapar de músicas como Certainty, Born into the Sunset e Roman God-Like Man, prova de que é possível produzir um bom disco mesmo brincando com a reciclagem de experiências e obras produzidas por outros artistas.

 

Volcano (2017, Heavenly / Fat Possum)

Nota: 7.0
Para quem gosta de: Tame Impala, Pond e MGMT
Ouça: Strange Or Be Forgotten, Certainty e Born into the Sunset

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.