Difícil pensar em música pop sem Britney Spears. Com mais de 150 milhões de cópias de discos vendidos no mundo todo, a cantora não apenas conquistou o próprio espaço, como mudou de vez as regras da indústria e ainda estabeleceu padrões para o som produzido no início do século XXI. Ainda que todo esse processo tenha consumido física e mentalmente a artista responsável por sucessos como Toxic, …Baby One More Time e Womanizer, o impacto da norte-americana prevalece em cada um dos trabalhos agora organizados do pior para o melhor lançamento em mais uma edição do Cozinhando Discografias.
#9. Britney Jean
(2013, RCA)
Com o fim do contrato com a Jive e início dos trabalhos com a RCA, a expectativa para o oitavo álbum de estúdio de Britney Spears era enorme. Entretanto, mesmo os esforços de nomes importantes da música pop, como will.i.am, David Guetta e Sia, foram insuficientes para salvar o disco do fracasso. Salve exceções, como Work Bitch, música escolhida para anunciar o álbum, o que se percebe durante toda a execução do material é a entrega de um registro completamente genérico e deslocado da produção da época. Ainda assim, o carinho do público garantiu que a obra figurasse na 12ª posição da Billboard Hot 100, demonstrando que, mesmo em seus piores momentos, a princesinha do pop nunca deixou de contar com os próprios ouvintes.
#8. Glory
(2016, RCA)
No ano em que Beyoncé e Solange tencionaram os limites da música pop com o lançamento dos políticos Lemonade e A Seat At The Table, Glory (2016) pode até parecer uma obra deslocada, porém, garantiu ao público fiel de Britney Spears uma série de boas composições. Mesmo acompanhada de veteranos como Mischke Butler, são novatos como Cashmere Cat e Ian Kirkpatrick que levam o trabalho da cantora para outras direções, rompendo com o pop moroso do restante da obra. O melhor acaba ficando por conta da edição deluxe do material, com faixas como Better, assinada pelo produtor em ascensão BloodPop, e If I’m Dancing, música que vai ao encontro do funk carioca.
#7. Circus
(2008, Jive)
Circus (2008) pode até concentrar algumas das melhores faixas apresentadas por Britney Spears na segunda metade dos anos 2000, como Womanizer e If U Seek Amy, entretanto, é difícil ouvir o trabalho e desconsiderar o sofrimento vivido pela artista durante o processo de criação do material. Enquanto lutava na justiça pela guarda dos filhos contra o ex-marido, Kevin Federline, Spears passava por uma série de internações em clínicas psiquiátricas e ainda foi posta sob a tutela do próprio pai, Jamie Spears, impossibilitando que a cantora tivesse qualquer decisão criativa sobre o material. O próprio sorriso comedido na imagem de capa funciona como uma boa representação desse resultado. O nome de Britney Spears pode até aparecer estampado, mas é difícil acreditar que ela realmente fez parte do álbum.
#6. Femme Fatale
(2011, Jive)
Poucos trabalhos sintetizam de forma tão eficiente a música produzida entre o final dos anos 2000 e início da década seguinte quanto Femme Fatale (2011), de Britney Spears. Fortemente influenciado pela radiofônica combinação entre a EDM e o pop que catapultou nomes como Kesha, Nicki Minaj e Rihanna, o registro se projeta como uma combinação de faixas que instantaneamente conduzem o ouvinte em direção às pistas. São canções como Till the World Ends, Hold It Against Me e Criminal que, não apenas serviram para estreitar laços com os antigos ouvintes da cantora, como apresentaram a obra de Spears a uma nova parcela de público.
#5. Oops!… I Did It Again
(2000, Jive)
Com o enorme sucesso em torno do primeiro álbum de Britney Spears, a gravadora não perdeu tempo e, poucos meses após o lançamento do disco, passou a investir em um novo trabalho de inéditas. O resultado desse processo veio logo no ano seguinte, com a chegada de Oops!… I Did It Again (2000). Enquanto parte da obra segue a trilha do registro anterior, canções como Stronger e Don’t Let Me Be the Last to Know vão ao encontro do R&B/soul, ampliando os horizontes da artista. Embora revele algumas composições sofríveis, como a inusitada releitura de (I Can’t Get No) Satisfaction, dos Rolling Stones, difícil não ceder aos encantos da artista em músicas como Lucky, Can’t Make You Love Me e na viciante faixa-título. Ela fez de novo, e resistir estava longe de ser uma opção.
#4. Britney
(2001, Jive)
Enquanto Oops!… I Did It Again (2000) parecia seguir a trilha do antecessor …Baby One More Time (1999), Britney Spears fez do autointitulado terceiro álbum de estúdio um necessário sopro de renovação. Com a produção impecável de Pharrell Williams e Chad Hugo logo na introdutória I’m a Slave 4 U, a cantora apresenta parte dos elementos que seriam explorados ao longo do trabalho que serviu para destacar ainda mais o lado provocativo de Spears. A própria releitura de I Love Rock ‘n’ Roll, do Queen, torna isso ainda mais explícito. São canções como I’m Not a Girl, Not Yet a Woman e Overprotected que mais uma vez levaram a artista ao topo das paradas de sucesso e ainda apontaram a direção para outros nomes do pop.
#3. …Baby One More Time
(1999, Jive)
Britney Spears tinha apenas 16 anos quando assinou contrato com a Jive e voou para Estocolmo, na Suécia, onde se encontrou com os produtores Max Martin e Rami Yacoub, para dar vida ao primeiro trabalho de estúdio, …Baby One More Time (1999). Apesar da pouca idade, a artista que começou a carreira na TV, no Clube do Mickey, mudaria para sempre a história da música pop. Das letras provocantes que contrastam com a comportada imagem de capa, passando pela voz carregada de efeitos, cada fragmento do disco que vendeu mais de 25 milhões de cópias no mundo todo sintetiza de maneira eficiente o pop produzido entre o final da década de 1990 e início dos anos 2000. Pouco mais de 40 minutos em que canções como (You Drive Me) Crazy, Sometimes e a explosiva faixa-título parecem pensadas para grudar na cabeça do ouvinte logo em uma primeira audição, proposta que encontrou resistência por parte da crítica, mas foi amplamente abraçada pelo público. Era apenas o princípio do reinado da nova princesinha do pop.
#2. In The Zone
(2003, Jive)
Durante anos, a obra de Britney Spears foi vista por parte da imprensa e do público como entretenimento barato de uma artista forjada pela indústria. Entretanto, basta uma audição atenta para perceber a entrega e sensibilidade da cantora durante toda a execução de In The Zone (2003). Além de participar ativamente do processo de composição dos versos, refletindo sobre o turbulento término de namoro com o cantor Justin Timberlake, Spears se encontrou com nomes como Daft Punk, Missy Elliott, William Orbit e LCD Soundsystem em um genuíno esforço de buscar por novas possibilidades. Ainda que muitas dessas parcerias não tenham se concretizado, o produto final surpreende. Do encontro com Madonna, a rainha do pop, logo na introdutória Me Against The Music, passando pela melancólica Everytime, em que trata de maneira discreta sobre a própria experiência durante um aborto, sobram momentos em que Britney brilha em estúdio. O destaque acaba ficando por conta de Toxic, canção em que parte do sample de um filme clássico do cinema indiano para revelar ao público uma das composições mais icônicas dos anos 2000. O pop em sua melhor forma.
#1. Blackout
(2007, Jive)
Impossível pensar em Charli XCX, SOPHIE, Miley Cyrus, Rina Sawayama, Chappell Roan, Pabllo Vittar e qualquer outro nome relevante da música pop que surgiu nos últimos anos sem levar em consideração o impacto de Britney Spears em Blackout (2007). Ainda que a interferência criativa da artista dentro do disco seja bastante questionável, afinal, a cantora vivia um período de forte instabilidade emocional, sendo perseguida pelos paparazzi, perdendo a custódia dos filhos e cerceada da própria liberdade, o material organizado pelos produtores Danja, Bloodshy e Avant é simplesmente impecável. Do atencioso diálogo com a produção eletrônica, passando pelo sempre destacado uso dos sintetizadores, batidas ruidosas e vozes maquiadas pelo autotune, tudo parece cuidadosamente calculado em cada uma das composições que integram o disco. E não poderia ser diferente. Com sucessos como Gimme More, Piece of Me, Get Back e Break the Ice, o álbum, mais uma vez, reforçava o trabalho de Spears como uma das artistas mais importantes da história recente do pop.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.