Resenha: “Why Are You OK”, Band of Horses

/ Por: Cleber Facchi 15/06/2016

Artista: Band of Horses
Gênero: Indie, Alternative, Folk
Acesse: http://www.bandofhorses.com/

 

Desde o lançamento de Infinite Arms, em maio de 2010, que Ben Bridwell e os demais integrantes do Band of Horses vêm buscando por um som cada vez mais comercial, íntimo do grande público. O resultado dessa “popularização” da banda de Seattle está no mediano Mirage Rock, de 2012, trabalho em que encerra a parceria com o veterano Phil Ek – colaborador desde o melancólico Everything All the Time (2006) – e reforça de maneira explícita a busca da banda pela construção de faixas cada vez menos complexas, dominadas pelo uso de melodias e versos fáceis.

Em Why Are You OK (2016, Interscope), quinto registro de inéditas do grupo norte-americano, o nascimento de uma obra marcada pelo equilíbrio. Com produção assumida por Jason Lytle, vocalista e líder do Grandaddy, além de um das principais influências criativas de Bridwell, o álbum de 11 faixas mostra a capacidade da banda em produzir um som que tanto se aproxima do público médio – vide a enérgica Casual Party –, como resgata temas e elementos que serviam de base para apresentar o trabalho do grupo há uma década.

Nona faixa do disco, a acústica Whatever, Whatever parece pensada para estimular esse parcial “regresso” do coletivo. Enquanto os versos conformam a sensibilidade e completo romantismo de Bridwell – “E eu te amo muito / Seja como você quiser / Onde quer que você esteja”–, musicalmente a canção se enche de detalhes, incorporando de maneira sutil o mesmo country “alternativo” explorado pela banda até o segundo álbum de estúdio, Cease to Begin (2007). A própria faixa de abertura do disco, Dull Times/The Moon, com mais de sete minutos, indica a busca do grupo por um som menos óbvio, denso.

Como um efeito direto desse material menos eufórico, além, claro, da constante interferência de Lytle, Why Are You OK se aproxima com naturalidade de diferentes obras produzidas pelo Grandaddy e outros coletivos norte-americanos no começo dos anos 2000. Canções como a aconchegante Lying Under Oak ou mesmo a crescente Solemn Oath; faixas que poderiam facilmente ocupar um espaço em obras como The Sophtware Slump (2000) e, em menor escala, It’s a Wonderful Life (2001), de Sparklehorse.

Fundamental para o crescimento do disco, Lytle está longe de parecer o único colaborador do grupo em Why Are You OK. Durante toda a construção da obra, Bridwell e os companheiros de banda criam pequenas brechas para a interferência de um novo time de vozes e instrumentistas. Exemplo claro disso está em In a Drawer. Produzida em parceria com J Mascis (Dinosaur Jr), a canção não apenas adapta o mesmo som testado em Infinite Arms, como estabelece uma espécie de passagem para o meio da década de 1990, efeito da rápida participação do veterano.

Trabalho mais seguro do Band of Horses desde Cease to Begin, obra que completa uma década no próximo ano, Why Are You OK está longe de parecer um álbum perfeito. Mesmo repleto de boas composições e parcerias, durante toda a construção do trabalho, faixas demasiado extensas (Even Still) ou deslocadas (Country Teen) tornam a audição do registro penosa, excessivamente arrastada, como se a banda ainda estivesse tentando se organizar.

 

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Why Are You OK (2016, Interscope)

Nota: 7.0
Para quem gosta de: My Morning Jacket, The Shins e Death Cab For Cutie
Ouça: In a Drawer, Lying Under Oak e Whatever, Whatever

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.