Os 50 Melhores Discos Internacionais de 2025

/ Por: Cleber Facchi 15/12/2025

Em um ano repleto de grandes lançamentos, é hora de olhar para trás e celebrar alguns dos principais discos internacionais do período. Do pop minimalista de Oklou ao som inescapável de Addison Rae, passando potência latina de Bad Bunny e Los Thutanaka ao rock de artistas como Geese e Wednesday, sobram trabalhos que movimentaram os últimos meses e fizeram de 2025 um dos mais prolíficos e musicalmente fascinantes da década.


#50. Khadija Al Hanafi
!OK! (2025, Fada Records)

Quando pensamos em estilos tão característicos como o juke e o footwork, difícil não lembrar do trabalho de alguns dos grandes expositores do gênero, como DJ Rashad, RP Boo, Traxman e outros nomes da cena de Chicago. Entretanto, a tunisiana Khadija Al Hanafi há muito tem conquistado seu espaço. Depois de dois ótimos discos da série Slime Patrol, a produtora retorna com o que talvez seja sua melhor obra, !OK!, registro em que estabelece a própria identidade criativa e ainda expande seus horizontes. Conceitualmente próximo de outros exemplares do gênero, com seus ritmos rápidos e repetitivos, batidas quebradas e fragmentos de vozes, !OK! segue a cartilha proposta por diferentes produtores de Chicago há mais de três décadas, porém, trilha um percurso único. Ainda que voltada ao estilo industrial do footwork, Al Hanafi consolida no uso melódico das bases um elemento estilístico e identitário totalmente particular. Leia o texto completo.


#49. Model / Actriz
Pirouette (2025, True Panther)

Quando o Model/Actriz começou a despejar as primeiras canções de Pirouette, ficou bastante claro que, em termos de estrutura, a direção seguida pelo quarteto de Boston seria a mesma do introdutório Dogsbody (2023). Embora livre de grandes transformações, prevalece na elaboração dos versos, cada vez mais confessionais, dolorosos e expositivos, a real beleza do som produzido pela banda. Se há dois anos o vocalista Cole Haden nos convidava a mergulhar em uma aventura noturna pela cidade de Nova Iorque, onde a banda reside, hoje somos chamados a visitar as memórias e tormentos que habitam o interior do artista que assina cada uma das faixas do disco. São canções que partem de um insano fluxo de pensamentos, colidem lembranças, medos e traumas que se conectam diretamente ao ritmo do material. Leia o texto completo.


#48. Nick León
A Tropical Entropy (2025, Tra Tra Trax)

Produtor de Miami conhecido por incorporar elementos de música eletrônica, pop minimalista e toques de ritmos latinos, como o raggaeton e o funk carioca, Nick León faz de A Tropical Entropy um de seus registros mais completos. São onze composições em que o artista conduz o ouvinte em direção às pistas, porém, utilizando de um direcionamento reducionista, sempre meticuloso e totalmente hipnótico. Velha conhecida do artista, Bikini, lançada em julho do último ano, funciona como um bom exemplo disso. Enquanto León se concentra na elaboração das batidas e camadas de sintetizadores que evocam os temas aquáticos de Donkey Kong Country (1994), a portuguesa Erika de Casier assume a construção dos versos. “Eu vou te mostrar para que serve esse amor”, canta a artista, seduzindo o ouvinte aos poucos, sem pressa. Leia o texto completo.


#47. Sharp Pins
Radio DDR (2025, K Records)

Radio DDR é um desses trabalhos que fazem você se perguntar: “eu já não ouvi isso antes?”. E não poderia ser diferente. Segundo e mais recente álbum de estúdio do Sharp Pins, projeto comandado por Kai Slater, um dos integrantes do Lifeguard, o registro de acabamento nostálgico é sim uma viagem em direção ao passado, mas que estabelece na força dos sentimentos a formação de uma identidade própria do artista. Entre ecos de veteranos dos anos 1960, como The Beatles e The Kinks, e seus descendentes, vide Guided By Voices e Teenage Fanclub, Slater cria um pano de fundo altamente referencial e nostálgico que é difícil não pensar que estamos de posse de um trabalho perdido do período ou dos artistas que tanto o inspiram. São guitarras descomplicadas, harmonias de vozes elegantes e linhas melódicas deliciosamente empoeiradas. Leia o texto completo.


#46. Maria Somerville
Luster (2025, 4AD)

Maria Somerville soube como poucos a melhor maneira de aproveitar os mais de seis anos que levou para finalizar o sucessor de All My People (2019). Ainda que Luster tenha sido gravado entre 2021 e 2023, com sessões organizadas na região paisagística de Conamara, na Irlanda, e Dublin, capital do país, a cantora e compositora original da cidade de Galway levaria ainda mais alguns meses até finalizar o disco. Apesar do longo intervalo de tempo, a espera valeu a pena. Inaugurado em meio a ambientações etéreas de Réalt, o registro pode até seguir de onde a cantora parou no trabalho anterior, porém assume um rumo completamente inesperado. Os temas contemplativos, harmonias de vozes e bases enevoadas ainda estão presentes, a diferença está na forma como Somerville agora concede ritmo e maior pressão ao repertório. Leia o texto completo.


#45. Blawan
SickElixir (2025, XL Recordings)

Mesmo que tenha vivido um período bastante movimentado nos últimos anos, com direito a diferentes EPs, remixes e parcerias com outros artistas, desde o introdutório Wet Will Always Dry (2018), que o britânico Jamie Roberts, o Blawan, não regressava com um novo trabalho de estúdio. Entretanto, basta uma rápida audição de SickElixir para perceber que esse longo período de espera valeu a pena. Primeiro álbum de inéditas de Blawan em sete anos, SickElixir escancara a evolução do produtor. Marcado pela fragmentação das batidas, ruídos e momentos de maior experimentação, o disco evidencia o esforço do artista em não se repetir criativamente, jogando com as possibilidades a cada nova composição. É como se Roberts fizesse do caos seu principal aliado, proposta que torna impossível prever qualquer movimento. Leia o texto completo.


#44. Panda Bear
Sinister Grift (2025, Domino)

Contrário ao indicado no título e imagem de capa, poucas vezes antes o trabalho de Panda Bear pareceu tão solar quanto em Sinister Grift. Sétimo e mais recente álbum de estúdio de Noah Lennox em carreira solo, o registro de dez faixas pode até ter seus momentos de contemplação, porém, estabelece na fluidez dos arranjos e melodias cantaroláveis a passagem para um universo de novas possibilidades. E isso tem um motivo. Embora responsável pela composição e parte expressiva dos instrumentos tocados durante toda a execução do trabalho, Sinister Grift se revela como o registro mais colaborativo de Panda Bear. Da coprodução de Deakin, companheiro de banda no Animal Collective, passando pela escolha dos convidados, não são poucos os momentos em que Lennox amplia os próprios horizontes dentro de estúdio. Leia o texto completo.


#43. Joanne Robertson
Blurr (2025, AD 93)

A voz ecoada, a guitarra parcialmente submersa e as orquestrações ocasionais delicadamente compõem o estranho e fascinante universo proposto por Joanne Robertson em Blurrr. Gravado em meio a sessões de pintura e enquanto lidava com a criação do primeiro filho, o registro de nove canções é uma obra que avança em uma medida própria de tempo, mas que arrebata o ouvinte sem grandes dificuldades. Parte desse resultado vem da atmosfera proposta por Robertson. Enquanto os versos de cada composição, sempre borrados e imprecisos, funcionam como conversas particulares, revelando a consciência em fluxo, instabilidade e intimidade da artista inglesa, ambientações enevoadas resultam em um cenário tão familiar quanto desconfortável, reforçando a sensação de solidão que, mesmo discreta, parece consumir o material. Leia o texto completo.


#42. Water From Your Eyes
It’s A Beautiful Place (2025, Matador)

Inaugurado em meio a ambientações abstratas de One Small Step, It’s A Beautiful Place diz a que veio logo nos momentos iniciais. Pouco menos de trinta segundos em que Nate Amos e Rachel Brown deixam o ouvinte em suspenso, postura reforçada pela brusca inserção das guitarras de Life Signs, música que reforça a urgência do Water From Your Eyes em estúdio e abre passagem para o restante do trabalho. Com o ouvinte ambientado ao disco, Nights In Armor, vinda em sequência, destaca o caráter exploratório da dupla norte-americana. São tempos inexatos e camadas de guitarras que tendem ao math rock, porém, preservando o mesmo som melódico que Amos vem testando no paralelo This Is Lorelei. Nada que Born 2, com suas distorções sujas, batidas carregadas e vozes submersas, não dê conta de perverter por completo. Leia o texto completo.


#41. PinkPantheress
Fancy That (2025, Warner)

Se em To Hell With It (2021) PinkPantheress mergulhou de cabeça no drum and bass e na cena eletrônica da década de 1990, ao estrear oficialmente com Heaven Knows (2023), a cantora, compositora e produtora inglesa decidiu ampliar seus horizontes. Com um pé no R&B dos anos 2000, a artista fortaleceu os versos, porém tropeçou em pequenas repetições estruturais, reduziu as batidas e esqueceu de dar ritmo ao disco. Satisfatório perceber em Fancy That, mais recente mixtape da artista inglesa, uma obra que não apenas corrige os defeitos do trabalho anterior, como ainda potencializa as virtudes de PinkPantheress. Totalmente imersa no pop dos anos 2000, conceito que vai da direção estética à elaboração das batidas, o registro esbanja nostalgia sem ocultar a essência da própria cantora ou deixar de dialogar com o presente. Leia o texto completo.


#40. Ichiko Aoba
Luminescent Creatures (2025, Hermine / Psychic Hotline)

O mergulho dado por Ichiko Aoba em Windswept Adan (2020) continua a orientar o trabalho da musicista japonesa em Luminescent Creatures. Inaugurado pelas orquestrações de Taro Umebayashi, com quem divide a produção do disco, Aoba faz da introdutória Coloratura a passagem para o ambiente de emanações litorâneas que conduz criativamente cada uma das onze faixas do registro. Não por acaso, ao mergulhar na composição seguinte, 24° 3′ 27.0″ N, 123° 47′ 7.5″ E, Aoba resgata os versos de uma música tradicional da ilha de Hateruma, reforçando ainda mais a temática do registro. São canções que partem da relação com o mar e as criaturas que habitam o fundo dos oceanos para se relacionar com os sentimentos mais profundos da musicista japonesa, como a solidão detalhada nos versos de Mazamun. Leia o texto completo.


#39. Blood Orange
Essex Honey (2025, RCA)

Mesmo intimamente conectado à Nova Iorque, onde reside desde o fim dos anos 2000, Dev Hynes nasceu em Londres e viveu parte da infância e adolescência no condado de Essex, na região leste da Inglaterra. Vem justamente desse olhar para o próprio passado, além de um processo de luto experienciado após o falecimento da própria mãe, o estímulo para o delicado repertório revelado em Essex Honey. Quinto e mais recente álbum de estúdio do compositor britânico como Blood Orange, o sucessor de Black Swan (2018) se revela como o disco mais sensível e intimista de Hynes, porém, preservando o forte aspecto colaborativo do músico. São composições que utilizam de uma abordagem fragmentada, por vezes etérea, revelando elementos rítmicos, ambientações enevoadas e trechos de vozes gravadas por diferentes artistas. Leia o texto completo.


#38. Ela Minus
Día (2025, Domino)

Ela Minus é um desses casos raros de uma artista que, mesmo voltada às pistas, sempre manteve um forte discurso político em seus trabalhos. E não poderia ser diferente. Nascida em Bogotá, na Colômbia, no início dos anos 1990, a produtora que integrou a cena punk/hardcore local encontrou no lirismo contestador o estímulo para as próprias composições em carreira solo. São registros marcados pelo caráter provocativo, conceito reforçado no inaugural Acts of Rebellion (2020), mas que ganha ainda mais força em Día. “Eu continuarei escrevendo melodias / Para cantar pra longe a escuridão / À qual sucumbimos”, canta logo nos minutos iniciais do trabalho, em Broken, música que, ao ser precedida pela atmosférica Abrir Monte, trata de ambientar o ouvinte ao conceito da obra. Em geral, são composições que partem de experiências e sentimentos particulares de Minus, mas que em nenhum momento deixam de observar o cenário ao redor. Leia o texto completo.


#37. Jane Remover
Revengeseekerz (2025, DeadAir)

Jane Remover vive hoje a melhor fase da carreira. Depois de passar os últimos meses revelando ao público uma série de boas canções, como Magic I Want U e Flash In The Pan, além, claro, de dar vida ao novo disco do paralelo Venturing, Ghostholding (2025), a cantora, compositora e produtora original de Newark, Nova Jersey, está de volta com o terceiro e mais recente trabalho de estúdio da carreira, Revengeseekerz. Sequência ao material entregue em Census Designated (2023), o disco traz de volta uma série de elementos originalmente testados no registro entregue há dois anos, como as guitarras, sintetizadores e vozes sempre carregadas de efeitos, porém, destacando a potência e fluidez das batidas. O resultado desse processo está na entrega de uma obra que, mesmo densa, chama a atenção pelo completo dinamismo das composições. Leia o texto completo.


#36. Barker
Stochastic Drift (2025, Smalltown Supersound)

Stochastic Drift é um desses trabalhos que se revelam ao público em uma medida particular de tempo. E a escolha de Sam Barker em inaugurar o segundo e mais recente álbum de estúdio com Force of Habit torna mais do que evidente. São pouco mais de seis minutos em que o produtor alemão brinca com a subtração e acréscimo dos elementos, envolvendo o ouvinte aos poucos, sem pressa. São camadas de sintetizadores e batidas sempre calculadas. É como se Barker deixasse que as canções se montassem na mente do ouvinte, como um convite a completar essas lacunas espalhadas pelo artista. Claro que isso não interfere na entrega de faixas mais encorpadas e diretas, como Reframing, música que rompe com o minimalismo excessivo do restante do material, evoca nomes como The Field e se entrega às pistas. Leia o texto completo.


#35. Smerz
Big City Life (2025, Escho)

Catharina Stoltenberg e Henriette Motzfeldt sempre tiveram um jeito muito particular de encarar a música pop. Mesmo fortemente influenciadas pela produção de veteranos dos anos 1990 e 2000, a dupla sempre trilhou um caminho particular, brincando com a desconstrução das batidas e vozes em uma linguagem tão estranha quanto fascinante. Exemplo disso fica ainda mais evidente no curioso Big City Life. Segundo e mais recente álbum de estúdio do Smerz, o sucessor de Believer (2021) segue de onde a dupla norueguesa parou há quatro anos, porém, partindo de uma abordagem ainda mais soturna e liricamente deslumbrante. Enquanto a produção minimalista vai ao encontro de nomes como Tirzah e Astrid Sonne, versos confessionais destacam uma vulnerabilidade poucas vezes antes percebida no trabalho do Smerz. Leia o texto completo.


#34. Turnstile
Never Enough (2025, Roadrunner)

Never Enough talvez não seja o disco que os ouvintes mais conservadores de hardcore estivessem esperando, mas é justamente isso que faz dele um trabalho tão interessante. Quarto registro de inéditas do Turnstile, o sucessor de Glow On (2021) não apenas segue de onde o grupo de Baltimore parou há quatro anos, como potencializa suas virtudes, estreita relações e amplia os horizontes de possibilidades. Atravessado pela sutil interferência de artistas vindos dos mais variados campos da música, como Hayley Williams (Paramore), Dev Hynes (Blood Orange), Shabaka Hutchings, Leland Whitty (BADBADNOTGOOD), Faye Webster e A. G. Cook, Never Enough destaca o caráter exploratório da banda. Da insatisfação expressa no título do material, o grupo parece ter encontrado o estímulo para um repertório essencialmente curioso. Leia o texto completo.


#33. Saba / No I.D.
Never Enough (2025, Roadrunner)

Às vezes, tudo que você precisa é de um novo parceiro criativo. No caso de Saba, ele foi atrás do experiente No I.D., produtor que tem no currículo nomes de peso como Jay-Z, Kanye West e Drake, mas que encontrou no rapper de Chicago um de seus colaboradores recentes mais interessantes. E isso pode ser percebido em cada uma das canções que integram o repertório de From the Private Collection of Saba and No I.D. (2025). Sequência ao material entregue em Few Good Things (2022), o trabalho que vem sendo planejado desde a década passada, quando os dois se conheceram por intermédio de um executivo que tentava atrair Saba para um grande selo, From the Private Collection of Saba and No I.D. concentra o que há de melhor na obra de cada colaborador. Enquanto o rapper brilha nas rimas, o produtor se reconecta com o próprio passado. Leia o texto completo.


#32. Lorde
Virgin (2025, Republic)

Poucas vezes antes Lorde pareceu tão expositiva e visceral quanto em Virgin. A própria imagem de capa do trabalho, uma radiografia da pelve revelando ossos, metais e um DIU, torna isso ainda mais explícito. É como se, passado o período de insolação vivido no pop delirante de Solar Power (2021), a artista regressasse aos temas intimistas e versos dilacerantes que a revelaram no início da década passada. Repleto de acenos para o repertório de Pure Heroine (2013) e Melodrama (2017), Virgin é um trabalho que dialoga com o passado da artista neozelandesa, mas em nenhum momento se repete. Parte desse resultado vem da escolha da cantora em se distanciar do antigo parceiro de produção, o músico Jack Antonoff, para estreitar laços com Jim-E Stack, produtor que já colaborou com nomes como Bon Iver e Caroline Polachek. Leia o texto completo.


#31. Juana Molina
Doga (2025, Sonamos)

Passagem para um universo particular, Doga concentra o que há de melhor no trabalho de Juana Molina. São faixas que exploram estruturas sem ganchos tradicionais, letras enigmáticas e o uso de ambientações sonoras sempre inquietantes. Um delirante atravessamento de informações, mas que em nenhum momento sufoca o humor peculiar da musicista, proposta que vai da imagem de capa aos temas. Primeiro trabalho de estúdio da cantora e compositora argentina em oito anos, o registro nasce das mais de trinta horas de improvisos que Molina desenvolveu em conjunto com o tecladista Odín Schwartz. A própria artista pensou em lançar o material como um álbum triplo, porém encontrou na produção de Emilio Haro um precioso poder de síntese que preserva a grandeza do vasto repertório, mesmo reduzido a 55 minutos. Leia o texto completo.


#30. Aya
Hexed (2025, Hyperdub)

A crueza explícita na imagem de capa de Hexed é apenas uma fração de tudo aquilo que a produtora, cantora e compositora Aya Sinclair busca desenvolver no segundo e mais recente trabalho de estúdio da carreira. Composto durante um período de sobriedade, o registro funciona como um olhar para o passado recente, quando noites em claro movidas pelo consumo de cocaína orientavam a vida da artista. Embora parta desse olhar sóbrio de Aya para o próprio passado, Hexed nunca soa de forma moralista. Pelo contrário, é bastante honesto com o ouvinte durante toda sua execução. Composições que, mesmo partindo de um direcionamento torto, assumem um sentido documental, revelando com crueza e completa ausência de encanto a realidade de produtores e artistas outros noturnos tragados para esse universo de excessos. Leia o texto completo.


#29. Ninajirachi
I Love My Computer (2025, NLV)

Se um bom disco é aquele que assimila inspirações e entrega ao público sua própria interpretação, então I Love My Computer faz isso com excelência. Estreia da cantora, compositora e produtora Nina Wilson como Ninajirachi, o trabalho não apenas confessa algumas das principais referências criativas da artista australiana, como serve de passagem para um mundo próprio, colorido e deliciosamente frenético. A própria imagem de capa do trabalho, com Wilson deitada em um quarto abarrotado de objetos pessoais, pôsteres e computadores, sintetiza de maneira eficiente tudo aquilo que a produtora busca desenvolver ao longo da obra. São canções que vão do pop fragmentado de SOPHIE às manipulações vocais de Grimes, da produção apoteótica de Skrillex ao som anfetaminado de Charli XCX de forma sempre particular e intensa. Leia o texto completo.


#28. YHWH Nailgun
45 Pounds (2025, AD 93)

Estreia do grupo nova-iorquino YHWH Nailgun, 45 Pounds é uma dessas obras curtas, mas que fazem um estrago danado. São pouco mais de 20 minutos em que o grupo formado por Zack Borzone (voz), Saguiv Rosenstock (guitarras), Jack Tobias (sintetizadores) e Sam Pickard (bateria) parece jogar com as possibilidades dentro de estúdio, indo de tempos estranhos à permanente fragmentação dos elementos. E isso fica mais do que evidente logo na introdutória Penetrator, canção que posiciona a bateria inexata de Pickard em primeiro plano e aponta o caminho para o restante da obra – se é que ele realmente existe. Não por acaso, com a chegada da música seguinte, Castrato Raw (Fullback), o quarteto mais uma vez muda de direção, fazendo do som grooveado e da percussão afro-latina um dos raros momentos acessíveis da obra. Leia o texto completo.


#27. Perfume Genius
Glory (2025, Matador)

A impecabilidade há muito tem se revelado como um dos principais traços da obra de Mike Hadreas como Perfume Genius. Desde a estreia com Learning (2010), passando por Put Your Back N 2 It (2012), Too Bright (2014), No Shape (2017), Set My Heart on Fire Immediately (2020) e Ugly Season (2022), cada novo álbum evidencia o lirismo confessional e sempre meticuloso processo de composição do músico norte-americano. Sétimo trabalho de estúdio do artista, Glory é mais um bom exemplo disso. Mesmo livre da fluidez que marca o álbum que o antecede, um exercício pensado como parte de um espetáculo teatral, o registro encanta pela minúcia e completo domínio de Hadreas sobre a própria criação. É como se o cantor soubesse exatamente que direção seguir, detalhamento que vai dos versos ao ensaio fotográfico de SSION. Leia o texto completo.


#26. Addison Rae
Addison (2025, Columbia)

E então, uma garota não pode simplesmente se divertir?”. A pergunta lançada por Addison Rae em Money is Everything, terceira faixa de Addison, diz muito sobre tudo aquilo que a cantora e compositora norte-americana busca desenvolver no primeiro álbum de estúdio. Passagem para um território particular, o trabalho parte das experiências vividas pela artista para detalhar um repertório marcado pelos desejos mais profundos e aventuras noturnas de Rae. Repleto de acenos para o pop de Madonna, Christina Aguilera e Britney Spears, Addison é um trabalho que estabelece sua base na produção dos anos 1990 e 2000, mas em nenhum momento deixa de dialogar com o presente. É como se a artista seguisse o caminho oposto ao da amiga Charli XCX, substituindo a urgência e os excessos explícitos em Brat (2024) por uma obra de emanações flutuantes e vozes sempre enevoadas. Leia o texto completo.


#25. Djrum
Under Tangled Silence (2025, Houndtooth)

Quem há tempos acompanha os trabalhos de Felix Manuel como Djrum sabe o quão meticuloso o produtor britânico costuma ser. Entretanto, mesmo dono de repertório marcado em essência pelos detalhes, conceito reforçado no ainda recente EP Meaning’s Edge (2024), o que o artista estabelece em Under Tangled Silence, terceiro registro de inéditas, transcende esteticamente os limites da própria criação. Marcado pelo capricho na elaboração dos arranjos que vão de pianos minimalistas ao violoncelo de Zosia Jagodzinska, Under Tangled Silence é um trabalho que encanta pelo completo equilíbrio do produtor. São canções que partem de uma abordagem puramente instrumental, tocando na obra de artistas como Sigur Rós, vide a forte similaridade em músicas como Reprise, porém, sempre orientadas pela força das batidas. Leia o texto completo.


#24. Todos Mis Amigos Están Tristes
Carne (2025, Joy Boy)

A visceralidade dos versos em comunhão com o som ruidoso que escapa das guitarras em Zapatillas Rotas diz muito sobre aquilo que o Todos Mis Amigos Están Tristes busca desenvolver em Carne. Estreia do quarteto chileno formado por Antonio Quintana, Baltazar Cueto, Rafael Massa e Ariel Matteoda, o registro de dez faixas não apenas diz a que veio logo nos primeiros minutos, como prepara o terreno para o repertório altamente confessional que trata sobre culpa e reconciliação de maneira brutal. “Não quero ver de novo / Se é a mesma coisa de ontem / Porque eu morri aqui”, confessa Quintana na faixa seguinte, Llévame Donde Sea, composição de vozes berradas que alterna entre a dor e a libertação, sempre destacando a força avassaladora das guitarras que ocupam os mais de sete minutos da canção. É como um intenso exercício criativo, proposta que ganha ainda mais destaque na criação seguinte, Puente Amarillo, música que evoca Dinosaur Jr. e Sonic Youth sem necessariamente corromper a identidade do quarteto. Leia o texto completo.


#23. James K
Friend (2025, AD 93)

O uso calculado das batidas, melodias etéreas e vozes quase submersas de Days Go By, canção de abertura em Friend, novo trabalho de James K, diz muito sobre aquilo que a produtora, compositora e cantora nova-iorquina busca desenvolver no terceiro registro de estúdio da carreira. São composições que alternam entre a vulnerabilidade e a doce nostalgia, como a passagem para um universo próprio da artista. Sequência ao material entregue pela artista em Pet (2016) e Random Girl (2022), o registro deixa de lado o experimentalismo proposto nos trabalhos que o antecedem para dialogar de forma sutil com o pop. É como um olhar revivalista, ainda que profundamente autoral, para a produção dos anos 1990. Canções que vão do downtempo/trip-hop de Dido e Massive Attack ao dream pop/shoegaze de Cocteau Twins e Slowdive. Leia o texto completo.


#22. MIKE
Showbiz! (2025, 10k)

Dois anos após o lançamento do último trabalho em carreira solo, Michael Jordan Bonema, o MIKE, retorna com uma de suas obras mais ambiciosas, Showbiz! (2025). Sequência ao material entregue em Burning Desire (2023), o registro de 24 composições, todas bastante curtas, parte da relação do artista com a vida na estrada durante as turnês para refletir sobre a saudade de casa, a solidão e outros tormentos pessoais. Nesse sentido, a curta duração das faixas e volume excessivo de canções tem um propósito tanto essencial para o andamento rítmico do trabalho, como conceitual e estilístico. São pequenos fluxos de pensamento, como se a cada parada em uma cidade diferente, o rapper aproveitasse para mergulhar ainda mais fundo nas próprias inquietações, potencializando o que havia iniciado em álbuns como o delicado Disco! (2021). Leia o texto completo.


#21. Annahstasia
Tether (2025, Drink Sum Wtr)

Décadas de exploração da imagem negra e imposições da indústria da música sobre o que pode um artista preto talvez levem o ouvinte a imaginar Tether como mais um trabalho de R&B, mas o que Annahstasia propõe no primeiro registro de estúdio transcende gêneros. Como a fotografia de capa logo aponta, com a cantora no centro da tela, a musicista californiana é o objeto central da própria criação. Feito para ser absorvido aos poucos, sem pressa, como uma manifestação da própria trajetória artística de Annahstasia, Tether é um desses discos que mais ocultam do que necessariamente parecem revelar. Como indicado na própria composição de abertura, a cantora passeia em meio a paisagens minimalistas de fino acabamento acústico, proposta que remete à Kara Jackson, porém, preservando a essência da californiana. Leia o texto completo.


#20. Oneohtrix Point Never
Tranquilizer (2025, Warp)

No início da década passada, Daniel Lopatin comprou uma série de DVDs com antigos comerciais dos anos 1980 e 1990. Partindo da fragmentação desse material base, o produtor e compositor norte-americano deu vida ao repertório de Replica (2011), trabalho que marca o início do amadurecimento artístico do músico e o princípio de uma série de registros cada vez mais exploratórios de Lopatin como Oneohtrix Point Never. Quase 15 anos após a entrega do material, interessante perceber em Tranquilizer um álbum que utiliza uma proposta criativa bastante similar, mas trilha um caminho completamente distinto. Dessa vez, Lopatin voltou seus estudos para a exploração de CDs de samples da década de 1990 que encontrou pelo Internet Archive. O resultado desse processo está na composição de um material que se aprofunda na temática da memória e até acena para o passado, mas em nenhum momento sucumbe à nostalgia barata. Leia o texto completo.


#19. Erika de Casier
Lifetime (2025, Independent Jeep Music)

Lançado de surpresa, sem qualquer aviso prévio, Lifetime é uma obra feita para ser ouvida da primeira à última canção, livre de possíveis interrupções. E isso tem um motivo. Quarto trabalho de estúdio de Erika de Casier, o sucessor do ainda recente Still (2024) não é um álbum que trata suas canções de maneira independente, mas como parte de um repertório único e puramente atmosférico. Produzido e gravado inteiramente pela artista ao longo de um ano, durante o intervalo das sessões de Still e início da turnê de divulgação do trabalho, Lifetime é uma obra de ambientação noturna. A própria cantora cogitou batizar o álbum de Midnight Caller, referenciando tanto a produção notívaga do material, como os tormentos existenciais e reflexões sobre a morte que surgem quando assentamos a cabeça no travesseiro. Leia o texto completo.


#18. Caroline
Caroline 2 (2025, Rough Trade)

Desde o fim da década passada, o Reino Unido vive um período de intensa movimentação criativa, com o surgimento de diferentes coletivos de artistas inclinados à colaboração como forma de desconstrução de antigas estruturas sonoras. São nomes como Black Country, New Road, Squid e, o hoje extinto, Black Midi, que levaram a cena inglesa para um campo de intensa experimentação e busca por novas possibilidades. Parte importante desse mesmo universo criativo, os integrantes do Caroline alcançam um novo estágio de criação colaborativa ao revelar o segundo e mais recente álbum de estúdio da carreira, Caroline 2. Marcado pela sobreposição de estilos, ruídos e manipulações vocais que tendem ao etéreo, o trabalho destaca o esforço do coletivo britânico em utilizar de uma abordagem cada vez mais abstrata. Leia o texto completo.


#17. Nourished By Time
The Passionate Ones (2025, XL Recordings)

Marcus Brown tem um jeito bastante particular de pensar música. Munido apenas de parcos sintetizadores e batidas sempre reducionistas, o cantor e compositor utiliza dessa abordagem econômica como estímulo para a elaboração de obras emocionalmente grandiosas, direcionamento reforçado em Erotic Probiotic 2 (2023), estreia do Nourished By Time, mas que ganha ainda mais destaque em The Passionate Ones.  Segundo e mais recente trabalho de estúdio do norte-americano, o álbum destaca o esforço do artista em ampliar os próprios domínios, porém, preservando a essência dos registros que o antecedem, incluindo o EP Catching Chickens (2024). Entre ecos de Arthur Russell e elementos que vão do R&B ao pop minimalista, Brown utiliza dessa base calculada como estímulo para a elaboração de versos cada vez mais complexos. Leia o texto completo.


#16. Alex G
Headlights (2025, RCA)

A mudança para uma gravadora de grande porte, a RCA, em nada parece ter prejudicado aquilo que Alex G conquistou de forma independente ao longo da última década. Exemplo disso fica bastante evidente em cada uma das canções de Headlights, álbum que evidencia o refinamento estético do músico norte-americano, porém, preservando parte do estranhamento que há tempos embala as composições do artista. A exemplo de Elliott Smith, Wilco, R.E.M. e outros tantos nomes que migraram do meio independente para uma grande gravadora, Giannascoli aproveita dos benefícios sem necessariamente corromper a própria essência. Não por acaso, o artista decidiu mais uma vez ter o multi-instrumentista Jacob Portrait, com quem já havia colaborado no álbum anterior, God Save the Animals (2022), como principal parceiro em estúdio. Leia o texto completo.


#15. DJ Koze
Music Can Hear Us (2025, Pampa)

Mesmo que mantenha um volume constante de lançamentos, remixes e parcerias com diferentes artistas, DJ Koze costuma levar anos entre um álbum e outro. E isso tem um motivo. Na contramão dos principais nomes da cena eletrônica, sempre movidos pela urgência das batidas, o artista de Flensburg, Alemanha, avança em uma medida particular de tempo, fazendo de cada faixa a passagem para um mundo mágico. Exemplo disso fica ainda mais do que evidente quanto mergulhamos nas canções de Music Can Hear Us. Sequência ao bem-recebido Knock Knock (2018), possivelmente o registro mais comercial da carreira de Koze, o trabalho de mais de 60 minutos de duração ganha forma aos poucos, sem pressa. São ambientações sutis, batidas sempre calculadas e vozes que se projetam de forma quase instrumental. Leia o texto completo.


#14. Earl Sweatshirt
Live Laugh Love (2025, Tan Cressida / Warner)

Mesmo partindo de uma abordagem bastante particular, Earl Sweatshirt continua surpreendendo a cada novo trabalho de estúdio. Quinto e mais recente registro de inéditas do rapper estadunidense, Live Laugh Love traz de volta o que há de mais característico na obra do artista, como a produção abstrata e versos que fluem em fluxos de consciência, porém amplia o campo temático do disco. Hoje pai de dois filhos, o rapper transporta para dentro de estúdio parte dessas vivências. São composições que equilibram temas como felicidade, casamento e paternidade com o medo de falhar. Instantes em que o artista usa o humor como válvula de escape e ainda propõe reflexões sobre a própria infância e relações cotidianas, conceito que embala a experiência do ouvinte até a música de encerramento do disco, Exhaust. Leia o texto completo.


#13. Rochelle Jordan
Through The Wall (2025, Empire)

Rochelle Jordan é uma artista curiosa. Depois de estrear com 1021 (2014), a cantora e compositora anglo-canadense levaria sete anos até regressar com o sucessor Play With the Changes (2021). Entretanto, é na completa ausência de pressa que Jordan se articula, transitando por entre estilos e diferentes parceiros criativos, direcionamento reforçado no fino repertório apresentado em Through The Wall. Feito para ser absorvido aos poucos, o sucessor de Play With The Changes segue de onde a artista parou há quatro anos, conceito reforçado pela vasta tapeçaria instrumental do trabalho, porém potencializa as virtudes de Jordan. São canções que vão do R&B ao deep house, do UK garage ao pop, em uma abordagem que não apenas posiciona as vozes sempre em primeiro plano, como escancara a versatilidade da cantora. Leia o texto completo.


#12. Candelabro
Deseo, Carne y Voluntad (2025, Registro Móvil Discográfica)

Segundo álbum de estúdio do coletivo chileno Candelabro, Deseo, Carne y Voluntad (2025, Registro Móvil Discográfica) escancara as potencialidades do grupo de Santiago. Sequência ao material apresentado pela banda em Ahora o Nunca (2023), o trabalho usa da imagética religiosa como amarra conceitual para um repertório que discute identidade nacional, fragilidade, opressão e o atual cenário político e social do Chile. Encabeçado por Matías Ávila, o grupo, que se completa com os músicos Javiera Donoso, Franco Arriagada, Nahuel Alavia, Luis Ayala, Carlos Muñoz e María Lobos, se aprofunda na elaboração de faixas que existem pelo tempo necessário para articular suas ideias. São canções que vão de um a nove minutos de duração, sempre atravessadas por um vasto aparato instrumental incorporado pelos diferentes membros da banda. Leia o texto completo.


#11. Sudan Archives
The BPM
(2025, Stone Throw Records)

Em um lento e orgânico processo de transformação pessoal, Brittney Denise Parks, a Sudan Archives, foi de uma proposta experimental no introdutório Athena (2019), para um repertório cada vez mais acessível no posterior Natural Brown Prom Queen (2022). Entretanto, é com a chegada de The BPM que a cantora, compositora e violinista norte-americana melhor organiza suas ideias em estúdio. Descrito como um disco de “música negra, dançante e orquestral”, o trabalho concebido em parceria com Ben Dickey nasce como parte do processo de transformação vivido pela artista nos últimos anos. Depois de excursionar ao lado de Caroline Polachek, Tame Impala e André 3000, Parks decidiu investir em um álbum que destacasse a relação com as pistas de dança, porém, preservando a característica inserção das cordas. Leia o texto completo.


#10. Billy Woods
Golliwog (2025, Backwoodz Studioz)

Billy Woods sempre foi um especialista na composição de obras atmosféricas. Ainda que todas as virtudes do rapper estejam bastante evidentes na elaboração das rimas, a ambientação proposta pelo artista é tão importante quanto o que se estabelece nos versos. De registros em carreira solo, como Aethiopes (2022), a trabalhos colaborativos, caso de Maps (2023), com Kenny Segal, sobram bons exemplos dessa abordagem. Entretanto, o que Woods estabelece em Golliwog, novo álbum em carreira solo, transcende tudo aquilo que havia testado anteriormente. Utilizando trechos de filmes e seriados de terror, antigas propagandas de TV e discursos políticos deteriorados pelo tempo, o rapper apresenta um registro que não apenas utiliza a estética do horror, como faz disso um estímulo para o desenvolvimento dos versos. Leia o texto completo.


#9. Geese
Getting Killed (2025, Partisan / Play it again Sam)

Cameron Winter vive hoje uma de suas melhores fases. Depois de uma excelente estreia em carreira solo com Heavy Metal (2024), o compositor nova-iorquino e seus companheiros no Geese retornam com Getting Killed. Expansão sonora de tudo aquilo que o grupo havia testado desde A Beautiful Memory (2018), o trabalho eleva, distorce e amplia o que há de melhor no repertório da banda. Parte desse resultado vem da própria decisão da banda, completa por Dominic DiGesu, Emily Green e Max Bassin, em escolher Kenny Beats como produtor do disco. Conhecido pelo trabalho em parceria com Vince Staples, Danzel Curry e outros nomes de peso do rap, o artista ajuda o grupo a se organizar em estúdio e a trilhar caminhos ainda menos convencionais do que aqueles explorados pelo Geese em 3D Country (2023). Leia o texto completo.


#8. Amaarae
Black Star (2025, Interscope)

Me chamam de vadia, de vilã, de diva polêmica, não: eu sou a estrela negra”, dispara Naomi Campbell, nos minutos finais de Ms60. Mais do que a autoafirmação de um dos maiores ícones da história da moda e uma clara representação do símbolo que estampa a bandeira de Gana, país onde cresceu Amaarae, a imagem elevada sintetiza a ascensão sonora, rítmica e estética da norte-americana em Black Star. Depois de experimentar em The Angel You Don’t Know (2020) e abraçar o pop com Fountain Baby (2023), a cantora e compositora nova-iorquina não apenas alcança um ponto de equilíbrio no repertório de Black Star, como ainda amplia seus horizontes. São canções que partem das pesquisas da artista sobre a música afrodiaspórica, estreitam laços com diferentes colaboradores, mas nunca perdem o forte caráter dançante. Leia o texto completo.


#7. Wednesday
Bleeds (2025, Dead Oceans)

Concebido em um período de forte instabilidade emocional, durante o processo de separação vivido por Karly Hartzman e MJ Lenderman, Bleeds é um verdadeiro triunfo artístico. Ainda que a relação profissional entre os principais membros do Wednesday tenha prevalecido, a visceralidade explícita nos versos de Hartzman e as guitarras furiosas de Lenderman confessam: nem tudo foi resolvido. “Você reapareceu antes que eu percebesse que havia ido embora / Acabei ficando aqui por me segurar”, canta Hartzman em Wound Up Here (By Holdin On). Marcada por cenas fragmentadas de violência, dor e memórias amargas do cotidiano, a faixa, invadida pelo uso ruidoso das guitarras, sintetiza a intensa carga emocional que consome o registro. É como um doloroso e necessário exercício de libertação sentimental. Leia o texto completo.


#6. Los Thuthanaka
Los Thuthanaka (2025, Independente)

Desde que Elysia Crampton adotou a identidade de Chuquimamani-Condori, cada novo registro entregue pela artista norte-americana parece pensado para tensionar a experiência do ouvinte. Ainda que traços de música andina e outros componentes percussivos apontem para a produção latina, o que se percebe é uma insana combinação de ideias, diferentes ritmos e quebras que pervertem todo e qualquer traço de conforto. Exemplo disso fica mais evidente quando nos deparamos com as canções do colaborativo Los Thuthanaka. Produto da parceria entre a artista e o próprio irmão, Joshua Chuquimia Crampton, o registro de oito faixas segue de onde Elysia parou há dois anos, durante o desenvolvimento do também experimental DJ E (2023), porém, partindo de um acabamento criativo ainda mais complexo e desafiador. Leia o texto completo.


#5. FKA Twigs
Eusexua (2025, Young)

De Beyoncé à Jessie Ware, de Dua Lipa à Charli XCX, não foram poucas as cantoras que, nos últimos anos, encontraram na intensa relação com as pistas a passagem para algumas de suas melhores obras. Embora imersa nesse mesmo universo criativo, Tahliah Barnett, a FKA Twigs, segue uma abordagem parcialmente distinta em Eusexua. Partindo do estado de êxtase que dá nome ao disco, um termo criado por ela mesma, a multiartista se aprofunda ainda mais nos próprios desejos, sentimentos e inquietações. “Você se sente sozinho? / Você não está sozinho / E se te perguntarem, diga que sente / Mas não chame isso de amor, Eusexua”, canta na atmosférica faixa-título. Escolhida para inaugurar o disco, a música não apenas cumpre a função de ambientar o ouvinte ao trabalho, como apresenta parte expressiva dos elementos que serão incorporados ao longo do material. São composições que apontam para a obra de Madonna e Björk na década de 1990, mas em nenhum momento ocultam a identidade criativa e entrega da cantora inglesa. Leia o texto completo.


#4. Bad Bunny
Dabí Tirar Más Fotos (2025, Rimas)

Na contramão dos principais nomes do pop latino, sempre inclinados a moldar o próprio repertório para atender aos interesses da indústria estadunidense, Bad Bunny segue cada vez mais imerso na música, nos ritmos e na cultura porto-riquenha. Sexto e mais recente álbum de estúdio do artista em carreira solo, Debí Tirar Más Fotos funciona como uma clara representação desse resultado. São canções que deixam o reggaeton em segundo plano para incorporar elementos de jíbaro, salsa e outros gêneros locais. Terceira canção do disco, Baile Inolvidable talvez seja a composição que melhor sintetiza essa mudança de rumo que teve início durante o lançamento de Un Verano Sin Ti (2022), mas alcança melhor resultado com o presente álbum. São pouco mais de seis minutos em que o artista, acompanhado pelos alunos da Escola de Música Livre Ernesto Ramos Antonini, de San Juan, Porto Rico, se declara à mulher amada e confessa seus sentimentos mais profundo em meio a metais e elementos percussivos cuidadosamente encaixados. Leia o texto completo.


#3. Rosalía
Lux (2025, Columbia)

O pop transcende em Lux. Quarto álbum de estúdio da cantora e compositora espanhola Rosalía, o registro abandona a atmosfera urbana de Motomami (2022) para mergulhar em uma inquietante jornada espiritual, romântica e existencial. São canções que tratam sobre divindade, desejo, feminilidade, morte e redenção em um precioso exercício orquestral que funciona como um ato de resistência humana. “Não há inteligência artificial nenhuma. É um álbum humano”, tem reforçado Rosalía em grande parte das entrevistas dadas ao longo das últimas semanas. E isso se reflete não apenas no acabamento instrumental do registro, que contou com o suporte da Orquestra Sinfônica de Londres, mas na maneira como a cantora compartilhou seus poemas com artistas do mundo todo, trabalhando em letras que incorporam diferentes idiomas e colaboradores, como Angélica Negrón, Charlotte Gainsbourg e Guy-Manuel de Homem-Christo. Leia o texto completo.


#2. Dijon
Baby! (2025, R&R / Warner)

Os últimos quatro anos foram bastante movimentados para Dijon. Além de colaborar criativamente com velhos conhecidos, como Mk.gee, com quem divide a produção de Two Star & The Dream Police (2024), o músico norte-americano estreitou laços com outros artistas. De Bon Iver, em Sable, Fable (2025), passando por Justin Bieber, no recente Swag (2025), sobram boas parcerias que ampliaram os horizontes do cantor. Satisfatório perceber em Baby, primeiro disco de inéditas do artista desde Absolutely (2021), uma obra que não apenas incorpora parte desses elementos e colaboradores, como ainda expande as possibilidades do cantor em estúdio. Feito para ser absorvido da primeira à última faixa, sem intervalos, o trabalho entrelaça cada nova composição na música seguinte, reforçando a homogeneidade do material. Leia o texto completo.


#1. Oklou
Choke Enough (2025, True Panther)

Dona de um vasto repertório que se acumula desde o início da década passada, Marylou Mayniel, a Oklou, parece seguir uma trilha bastante particular com o primeiro álbum de estúdio da carreira, Choke Enough. Mesmo acompanhada de A. G. Cook (Charli XCX, Troye Sivan) e Danny L Harle (Dua Lipa, Caroline Polachek), dois dos principais responsáveis por moldar o pop ao longo dos últimos anos, a artista joga com regras próprias tanto na elaboração das batidas e bases, como na construção dos versos. Contraponto reducionista aos excessos propostos por Charli XCX em Brat (2024), Choke Enough concede ao anfetaminado hyperpop um novo acabamento. São canções que avançam em uma medida própria de tempo, lembrando aquilo que nomes como Smerz e Astrid Sonne têm incorporado dentro da cena nórdica, porém, utilizando de um acabamento ainda mais sensível e estruturalmente contido, próprio da musicista. Leia o texto completo.


Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.

Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.