É hora de olhar para trás e relembrar alguns dos principais lançamentos relacionados ao mundo da música nos últimos seis meses. Da estreia de artistas como Fabiana Palladino, DJ Anderson do Paraíso e Friko, passando por grandes nomes da música brasileira, como Céu, Hermeto Pascoal e Deize Tigrona, ao retorno de personagens importantes da indústria, como Beyoncé, Billie Eilish e Ariana Grande, trago uma seleção com 50 discos essenciais apresentados entre janeiro e junho deste ano. São trabalhos que transitam por diferentes estilos, destacando a riqueza de ideias de seus realizadores. Capa: luiz.studio.
1010benja
Ten Total (2024, Three Six Zero)
O som de sirenes, a risada histérica, o barulho de explosões e a voz interrompida pelo que parece ser um desabamento. Em poucos minutos, Benjamin Lyman, o 1010benja, revela o estranho e ao mesmo tempo fascinante território criativo que busca explorar no primeiro trabalho de estúdio da carreira, o aguardado Ten Total. São dez composições que destacam a relação do músico estadunidense com o R&B tradicional, porém, pontuada pelo delirante atravessamento de informações, ritmos e vozes. É como um regresso ao mesmo tipo de som incorporado por nomes como Miguel, em Kaleidoscope Dream (2012), e Frank Ocean, na sequência formada por Nostalgia, Ultra (2011) e Channel Orange (2012), mas que em nenhum momento oculta a identidade criativa e capacidade de 1010benja em construir um repertório que pertence somente a ele. Canções que passeiam por diferentes décadas e esbarram na obra de nomes importantes como Prince e Kanye West, porém, preservando um sempre curioso senso de aproximação. Leia o texto completo.
Adrianne Lenker
Bright Future (2024, 4AD)
Existem artistas que, muito embora conhecidos pelo forte aspecto confessional de suas criações, como Phil Elverum, Sufjan Stevens e Thom Yorke, levaram uma vida inteira para se expor por completo em estúdio. Não é o caso de Adrianne Lenker. Desde que foi oficialmente apresentada ao público, durante a entrega de Hours Were the Birds (2014), a cantora e compositora norte-americana tem feito das próprias experiências sentimentais, muitas delas incorporadas de forma bastante expositiva, uma inesgotável fonte de inspiração. Sexto e mais recente lançamento em carreira solo da também integrante do Big Thief, Bright Future talvez seja o exemplo mais representativo disso. Marcado pelo reducionismo dos arranjos, o trabalho cresce na profunda sensibilidade dos versos e capacidade da musicista em comover por meio de cenas e acontecimentos simples do cotidiano. A própria canção de abertura, Real House, centrada em memórias da infâncias e momentos em que viu a própria mãe chorar, sintetiza de forma eficiente essa vulnerabilidade. Leia o texto completo.
Amaro Freitas
Y’Y (2024, Psychic Hotline)
Nascido de um intenso processo de imersão com a comunidade indígena Sateré-Mawé, nas proximidades de Manaus, Amazonas, Y’Y é um trabalho diferente de tudo aquilo que o pianista e compositor pernambucano Amaro Freitas já havia revelado anteriormente, afinal, trata-se de uma obra viva. Com Mapinguari (Encantado da Mata) como composição de abertura, o músico não apenas cria um elemento de conexão com uma das figuras fantásticas que habitam os mitos dos povos originários, base para grande parte do repertório do disco, como transporta para dentro de estúdio a mesma atmosfera e orgânica sensação de envolvimento bastante característica de quando adentramos uma floresta fechada. Em um avanço lento, pianos fragmentados, ruídos que emulam o som das matas e entalhes percussivos parecem pensados de forma a envolver o ouvinte. É como se cada componente fosse trabalhado em uma medida própria de tempo, como um preparativo para a corredeira que se revela logo na canção seguinte, Uiara (Encantada da Água) – Vida e Cura. Entre ondulações cristalinas, a composição destaca a relação de Freitas com as águas, elemento reforçado logo no título da obra, que em dialeto Sateré-Mawé pronuncia-se “eey-eh, eey-eh” e pode ser entendido como “rio”. São ambientações sutis que mudam de direção a todo instante, indicando o aspecto volátil do registro, como na curta Viva Naná, homenagem ao percussionista e compositor Naná Vasconcelos (1944 – 2016), mas que ganha ainda mais destaque em Dança dos Martelos. Leia o texto completo.
Antônio Neves
Deixa Com a Gente (2024, Mexxe)
Difícil ouvir as composições de Deixa Com a Gente e não pensar em Antônio Neves como uma espécie de avatar do próprio Rio de Janeiro. Da bem-humorada imagem de capa às canções que aos poucos deixam o jazz do antecessor A Pegada Agora É Essa (2021) para abraçar o samba, cada fragmento do disco destaca o sempre curioso olhar do multi-instrumentista carioca sobre a Cidade Maravilhosa, seus personagens, diferentes cenários e acontecimentos em um direcionamento tão reverencial quanto cômico. Logo de cara, em Dinamite, Neves propõe uma uma homenagem ao time do Vasco, seus torcedores e ao icônico Roberto Dinamite, um dos jogadores mais representativos do time carioca. São pouco mais de três minutos em que o músico parte pra cima do ouvinte em uma frenética combinação de estilos, ampliando o que havia testado no disco anterior. Nada que a embriagada Carismático, com seu samba autodepreciativo, não dê conta de perverter, desacelerando para reforçar a veia cômica proposta pelo multi-instrumentista. Leia o texto completo.
Ariana Grande
Eternal Sunshine (2024, Republic)
Poucas vezes antes Ariana Grande pareceu tão vulnerável quanto em Eternal Sunshine. Sétimo trabalho de estúdio da cantora e compositora norte-americana, o registro segue uma abordagem diferente em relação ao álbum que o antecede, Positions (2020), substituindo o uso de versos marcados pela forte sexualidade por composições que destacam a sensibilidade e melancolia dos temas. É como um aceno para o repertório de Sweetener (2018), porém, partindo de uma proposta delicadamente atualizada. Conceitualmente influenciado pelo filme Brilho Eterno De Uma Mente Sem Lembranças (2004), de Michel Gondry, Eternal Sunshine, assim como a película que inspira, discute o peso da memória e o impacto das lembranças na formação e lenta desconstrução de um relacionamento. “Então eu tento limpar minha mente / Só para me sentir menos louca / Em vez de me sentir sem dor / Prefiro esquecer do que saber“, confessa a artista na própria faixa-título, reforçando o lirismo doloroso e tormentos que aos poucos consomem o disco. Leia o texto completo.
Bebé
Salve-se! (2024, Coala Records)
Mesmo longe de parecer uma iniciante quando, há três anos, deu vida ao autointitulado registro de estreia, difícil não pensar em Salve-se! como um claro exercício de amadurecimento vivido por Bebé. Da escolha dos temas, que se aprofundam em questões sexuais e conflitos típicos de uma jovem adulta, passando pela maior imposição das vozes e decisão em assumir a coprodução do trabalho, cada mínimo fragmento do material destaca a transformação pessoal e domínio criativo da compositora paulista. “Quem vai me salvar? A não ser eu mesmo”, questiona e responde logo nos minutos iniciais do trabalho, na atmosférica faixa-título, como um indicativo das certezas que movem o registro de dez faixas. São canções que continuam a orbitar um universo particular, sempre intimistas, porém, movidas por um desejo e força poucas vezes antes vista na obra da cantora que foi apresentada ao público durante sua participação no The Voice Kids Brasil, mas há muito parece distante da imagética frágil construída pelo programa da TV. Leia o texto completo.
Beth Gibbons
Lives Outgrown (2024, Domino)
Seja como integrante do Portishead ou nas raríssimas empreitadas em carreira solo, Beth Gibbons sempre pareceu seguir em uma medida própria de tempo. São aparições pontuais, a cada nova década, como no colaborativo Out of Season (2002), junto do multi-instrumentista Paul Webb, ou com a Orquestra Sinfônica da Rádio Nacional Polonesa, com quem trabalhou no espetáculo ao vivo Henryk Górecki: Symphony No. 3 (Symphony of Sorrowful Songs), sob a regência do maestro e compositor polonês Krzysztof Penderecki. Vem justamente dessa ausência de pressa o estímulo para o delicado repertório de Lives Outgrown. Concebido em parceria com o baterista Lee Harris, ex-integrante do Talk Talk, em um intervalo de mais de uma década, e finalizado com o suporte do produtor James Ford, o registro de dez faixas chama a atenção pela forma como cada componente se revela em pequenas doses. São pinceladas instrumentais e poéticas que contrastam com a urgência explícita na temática central do trabalho: a relação com a morte. Leia o texto completo.
Beyoncé
Cowboy Carter (2024, Columbia / Parkwood)
Ainda que a sonoridade e a estética digam o contrário, a mensagem de Beyoncé no texto que apresenta Cowboy Carter (2024) é bastante clara: “esse não é um álbum country“. E ela está certa. Muito mais do que um exercício de estilo ou uma resposta aos que se incomodaram durante a passagem da cantora pela 50ª edição do Country Music Association Awards, a mais importante premiação do gênero nos Estados Unidos, o oitavo álbum de estúdio da norte-americana mostra uma artista interessada em testar os próprios limites. Em um intervalo de quase 80 minutos, tempo de duração do trabalho, Beyoncé se arrisca pelo country, gospel, rock, ópera e eletrônica, porém, preservando a forte relação com o R&B e o pop, suas principais vertentes criativas. O mais fascinante talvez seja perceber como mesmo imersa em diferentes estilos, a artista em nenhum momento diminui o padrão das composições. Tudo é sempre tratado com excelência. Excelência negra. Um meticuloso processo de criação que se reflete até os momentos finais do material. Leia o texto completo.
Billie Eilish
Hit Me Hard And Soft (2024, Darkroom / Interscope)
Billie Eilish sempre lidou com os próprios sentimentos de forma bastante aberta, porém, nunca de maneira tão explícita quanto em Hit Me Hard And Soft. “Quando eu saio do palco, eu sou um pássaro em uma gaiola / Eu sou um cachorro em um canil / E você disse que eu era seu segredo“, canta logo nos minutos iniciais do trabalho, em Skinny, música que antecipa uma série de conflitos internos e relacionamentos instáveis que serão melhor incorporados pela cantora a cada nova música do registro. Vem justamente desse forte aspecto expositivo e evidente entrega sentimental da cantora o grande charme do sucessor de Happier Than Ever (2021). São canções que se aprofundam na vida sexual, desejos e todas as transformações vividas pela artista desde que passou a verbalizar o interesse por pessoas do mesmo sexo. “Eu poderia comer aquela garota no almoço / Sim, ela dança na minha língua“, confessa em Skinny, música que torna o metafórico explícito, como um reforço o lirismo provocativo de Hit Me Hard And Soft. Leia o texto completo.
Brittany Howard
What Now (2024, Island)
Longe do Alabama Shakes, Brittany Howard parece ter encontrado a passagem para um território criativo ainda mais interessante e musicalmente diverso. Exemplo disso fica bastante evidente com a apresentação de What Now, obra em que resgata uma série de elementos característicos do antigo projeto, vide a forte relação com a música negra dos anos 1950 e 1960, porém, partindo de um permanente senso de atualização poético, instrumental e rítmico que leva o fino repertório de Howard para outras direções. Síntese desse curioso processo de transformação vivido pela cantora, Prove It To You evidencia o esforço da musicista em ampliar o próprio campo de atuação. Do momento em que tem início, nas batidas secas que se completam pelos teclados de Lloyd Buchanan, Howard, sempre em companhia do produtor Shawn Everett (Kacey Musgraves, The Killers), se permite provar da música eletrônica, porém, preservando sua identidade e vozes sempre impecáveis. É como um remix pulsante de tudo aquilo que a compositora havia testado no álbum anterior, Jaime (2019), princípio de todas as mudanças consolidadas no presente disco. Leia o texto completo.
Bruno Berle
No Reino Dos Afetos 2 (2024, Coala Records / Psychic Hotline / Far Out Recordings)
Para além de todas as limitações técnicas e questões orçamentárias que resultaram em uma atmosfera totalmente única, No Reino Dos Afetos (2022) é uma criação movida pelo desejo do próprio idealizador, o cantor e compositor alagoano Bruno Berle, em compartilhar seus sentimentos com o resto do mundo. O resultado desse processo está na entrega de um trabalho que transcende as fronteiras do quarto em que foi gravado e dialoga diretamente com o ouvinte por meio da força das emoções expressas em cada canção. Mas para onde seguir depois de uma obra tão sensível e que encontrou na própria captação caseira um charmoso componente estético? A resposta chega agora com a entrega de No Reino Dos Afetos 2. Segundo registro da colaboração entre o alagoano e o principal parceiro de criação, o produtor Batata Boy, o álbum de dez faixas é um trabalho talvez indeciso, mas que utiliza dessa aparente incerteza como um meticuloso componente de desenvolvimento criativo. Leia o texto completo.
Cátia de França
No Rastro de Catarina (2024, Tuim Discos)
Aos 77 anos, Cátia de França vive uma fase tão inventiva quanto em início de carreira. “Agora sei porque o velho sozinho fala / Sua alma trabalha / Sua experiência não cala“, canta em Malakuyawa, sétima canção de No Rastro de Catarina e uma perfeita representação da mente inquieta e intenso desejo criativo que move a obra da multi-instrumentista, cantora e compositora paraibana. São faixas que vão de um canto a outro, sempre de maneira imprevisível, destacando a potência da artista de João Pessoa. Primeiro disco de inéditas da cantora em oito anos, o sucessor de Hóspede da Natureza (2016) foi gravado “em casa”, no Estúdio Peixeboi, em João Pessoa, e contou apenas com instrumentistas paraibanos durante toda sua gestação. O resultado desse processo está na entrega de uma obra que deixa a artista confortável, porém, nunca entregue ao conforto. Sempre contestadora, de França continua a explorar questões sociais, raciais e de gênero com uma habilidade única, tensionando a experiência do ouvinte ao longo do trabalho. Leia o texto completo.
Céu
Novela (2024, Urban Jungle)
Em junho do último ano, quando Arthur Verocai decidiu celebrar os 50 anos do cultuado disco de 1972, Céu foi uma das artistas convidadas a subir ao palco para cantar com o arranjador carioca. Rodeada por um vasto time de instrumentistas e a plateia que lotou o Teatro Simon Bolívar, em São Paulo, a cantora e compositora paulistana demonstrou todo seu poderio ao interpretar canções como Caboclo e Na Boca do Sol com a mesma exuberância e força das versões em estúdio. Satisfatório perceber essa mesma atmosfera ao vivo e maior fluidez no processo de criação com a chegada do aguardado Novela. Primeiro registro de inéditas de Céu em cinco anos, o sucessor do intimista APKÁ! (2019) funciona com um regresso aos primeiros trabalhos de estúdio da cantora, sempre inclinados ao reggae e ao criativo diálogo com a música brasileira, porém, substituindo o polimento de outrora pela criação de uma obra gravada ao vivo. Parte desse resultado vem da escolha da artista em, além da produção de Pupillo, habitual parceiro de criação, colaborar com o multi-instrumentista norte-americano Adrian Younge, dono do Linear Labs Studio, em Los Angeles, onde o álbum foi gravado, e conhecido por não utilizar de técnicas modernas de captação. Leia o texto completo.
Charli XCX
Brat (2024, Asylum / Atlantic)
Noites de excessos, carros em alta velocidade e relacionamentos complicados. Em mais de uma década de carreira, Charli XCX sempre orbitou os mesmos temas, porém, nunca fez disso o estímulo para uma obra repetitiva. Da fragmentação do pop oitentista em True Romance (2013) ao diálogo com o rock em Sucker (2014), das experimentações em Vroom Vroom (2016), POP 2 (2017) e How I’m Feeling Now (2020) à busca por um som cada vez mais acessível em Charli (2019) e Crash (2022), sobram momentos em que a cantora, compositora e produtora britânica soube como tensionar os limites da própria criação dentro de estúdio. Entretanto, mesmo nesse espaço de contínua ruptura e busca por novas possibilidades, a artista original de Cambridge, na Inglaterra, parece ir ainda mais longe com o lançamento de Brat. Ponto de consolidação estético, sonoro e lírico, o registro inspirado pelas raves que a cantora frequentou ilegalmente durante a adolescência, mais uma vez leva o trabalho de Charli para outras direções. Canções que preservam a relação com o pop, porém, se entregam de vez à força das batidas e produção eletrônica. Leia o texto completo.
Cindy Lee
Diamond Jubilee (2024, Realistik)
Diamond Jubilee é uma obra sobre como construímos significados e trabalhamos nossas recordações a partir de experiências não necessariamente vivenciadas. Mais recente álbum de estúdio do artista canadense Patrick Flegel sob a alcunha de Cindy Lee, o registro de 32 faixas e mais de duas horas de duração é uma viagem em direção ao passado e ao som produzido nos anos 1960, porém, partindo da interpretação nostálgica de um adulto sobre suas memórias empoeiradas e sensações na década de 1990. “Sim, nasci em 1985, então eu era uma criança nos anos 1990. Eu simplesmente adorava rádio. Havia uma estação chamada 66 CFR, em Calgary, que significa Calgary Flames Radio. Eles traziam músicas antigas durante o dia e depois jogos à noite. Eu deixava isso ligado a maior parte do tempo“, revelou Flegel em uma recente entrevista. Vem justamente dessa olhar atento para o passado, emulando o estilo de composição, o posicionamento das vozes e arranjos, o estímulo para grande parte das canções que abastecem o extenso repertório montado pelo músico. Composições que parecem sintonizadas em uma antiga estação de rádio, porém, corrompidas pelo acréscimo de instrumentos e técnicas de captação que apontam para o presente. Leia o texto completo.
Crizin da Z.O.
Acelero (2024, QTV)
O ritmo frenético imposto logo no título de Acelero, mais recente trabalho de estúdio de Crizin da Z.O., ajuda a entender parte do direcionamento adotado pelos cariocas Cris Onofre e Danilo Machado em parceria com o paranaense Marcelo Fiedler. É como um insano fluxo de pensamento que atravessa as ruas do Rio de Janeiro enquanto transita por diferentes estilos, ritmos e possibilidades em uma abordagem essencialmente torta. Composições que vão do funk carioca ao punk de forma imprevisível, estímulo para a construção de um repertório consumido pelo caos urbano e afundado em turbulentas crises existenciais. Conceitualmente próximo do ainda recente Mimosa (2023), também lançado pela mesma gravadora, o que diminui a sensação de impacto em relação ao presente disco, Acelero, diferente do trabalho produzido por cabezadenego, Leyblack e Mbé, é uma criação muito mais verbal do que necessariamente rítmica. Assim como os antigos registros entregues por Crizin da Z.O., como Tudo Está Acontecendo Ao Mesmo Tempo Agora (2019), Brasil Buraco Vinte Vinte (2020) e Alma Braba (2022), o novo álbum soa como um passeio pela mente inquieta de Onofre. São tormentos pessoais, cenas e acontecimentos transmutados em música. Leia o texto completo.
Deize Tigrona
Não Tem Rolê Tranquilo (2024, Independente)
Deize Tigrona vive hoje a melhor fase da carreira. Depois de ser revelada à uma nova parcela do público com o lançamento de Foi Eu Que Fiz (2022), primeiro disco de inéditas após um longo período longe dos estúdios, a artista retorna agora com Não Tem Rolê Tranquilo. São sete faixas que não apenas destacam a capacidade da cantora carioca em transitar por entre estilos de forma totalmente inventiva, como estreitam laços com outros parceiros e levam o ouvinte a percorrer direções inimagináveis. Logo de cara, em Vilão, a artista acena para o próprio passado, lembrando o estilo de produção dos anos 2000, porém, estabelece nas batidas de Iasmin Turbininha um diálogo com o presente. Menos de três minutos em que a funkeira garante ao público uma faixa deliciosamente picante e que parece feita para grudar na cabeça do ouvinte. Um eufórico jogo de batidas e vozes que contrasta com a posterior LSD, um rap em marcha lenta produzido por LARINHX e que revela o lado mais sensível, mas não menos humorado da cantora. “Abri meu coração / Minha xota pra tu / Em troca eu queria / Poder comer seu cu“, rima Deize. Leia o texto completo.
DJ Anderson do Paraíso
Queridão (2024, Nyege Nyege Tapes)
Longe da urgência historicamente imposta pelo funk produzido no Rio de Janeiro e São Paulo, DJ Anderson do Paraíso segue uma abordagem particular. Original da região de Paraíso, Zona Leste de Belo Horizonte, em Minas Gerais, o produtor encontrou no uso de ambientações soturnas e batidas sempre esqueléticas a passagem para um território que parece pertencer somente a ele. São instantes de maior experimentação, mas que em nenhum momento rompem com a poética suja e elementos bastante característicos do estilo. Primeiro trabalho de estúdio do artista mineiro, Queridão funciona como uma boa representação desse resultado. Embora vendido como um registro de inéditas, efeito direto da série de canções produzidas especialmente para o material, trata-se de uma coletânea montada a partir de faixas originalmente apresentadas ao longo dos últimos anos. É o caso de Paty Trem Bala, velha conhecida do produtor, mas que ganha novo significado quando observada como parte do repertório do presente disco. Leia o texto completo.
Duda Beat
Tara e Tal (2024, Universal)
Perto do fechamento de Tara e Tal, Duda Beat repete: “eu vou ficar na tua cabeça“. Ainda que fortemente relacionados aos temas românticos que embalam a composição de encerramento do disco, difícil não pensar nos versos detalhados pela pernambucana como uma manifestação do feito consolidado no terceiro álbum de estúdio, afinal, é praticamente impossível passar pelo material produzido em parceria com Tomás Tróia e Lux Ferreira e não sair cantarolando pelo menos uma das canções que integram a obra. E não poderia ser diferente. Depois de dois ótimos trabalhos de estúdio, Sinto Muito (2018) e Te Amo Lá Fora (2021), além de incontáveis colaborações com diferentes nomes da cena brasileira, a artista nascida Eduarda Bittencourt Simões parece ter alcançado o completo domínio sobre a própria criação. São faixas talvez consumidas pela previsibilidade dos temas, quase sempre mergulhadas em conflitos sentimentais, porém, moldadas de forma pouco usual, efeito direto do vasto catálogo de estilos adotados pela cantora. Leia o texto completo.
Empress Of
For Your Consideration (2024, Major Arcana)
Lorely Rodriguez parece, pela primeira vez em mais de uma década de carreira como Empress Of, ter se encontrado criativamente. Em For Your Consideration, quarto e mais recente álbum de estúdio, a cantora e compositora norte-americana combina elementos dos três trabalhos apresentados anteriormente, Me (2015), Us (2018) e I’m Your Empress Of (2020), porém, utilizando de um fino toque de transformação e intensa relação com a música pop que aos poucos leva o material para outras direções. Parte desse resultado vem da escolha da artista em romper laços com as antigas gravadoras para seguir de maneira independente, tendo total controle criativo sobre o registro. O efeito direto desse processo está na entrega de um trabalho que destaca a herança latina de Rodriguez, conceito que vem sendo incorporado desde o lançamento de Us, passa pelo refinamento técnico que marca o repertório de Me e cresce no uso de formatações dançantes que apontam diretamente para o material apresentado em I’m Your Empress Of. Leia o texto completo.
Fabiana Palladino
Fabiana Palladino (2024, Paul Institute / XL)
Mesmo parte de uma importante família de instrumentistas, Fabiana Palladino decidiu seguir seu próprio caminho. Longe do suporte do pai, Pino Palladino, reverenciado baixista que já colaborou em estúdio com nomes como D’Angelo e John Mayer, além do irmão, Rocco, personagem de destaque do novo jazz inglês, a cantora e compositora britânica encontrou no discreto Jai Paul seu principal parceiro criativo. Juntos, os dois artistas atravessaram a última década em um reduzido, porém, precioso catálogo de composições. Passado esse longo processo de preparação, Palladino regressa agora com a entrega do primeiro trabalho de estúdio da carreira. Autointitulado, o registro de dez faixas é um material que se revela aos poucos, sem pressa, porém, encanta a cada novo e sempre meticuloso movimento da cantora inglesa. São composições que dialogam com o presente, partilhando do mesmo método de produção incorporado por artistas como 1010benja e Tirzah, mas que lenta e delicadamente parecem conduzir o ouvinte em direção ao passado. Leia o texto completo.
Four Tet
Three (2024, Text)
Perto de completar três décadas de carreira, o produtor britânico Kieran Hebden parece ter consolidado uma identidade criativa como Four Tet, mas isso nunca o limitou a um formato específico. Exemplo mais representativo disso pode ser percebido nas composições de Three. Mais recente álbum de estúdio do artista inglês, o registro de oito faixas traz de volta uma série de elementos característicos da obra de Hebden, como as bases melódicas e batidas meticulosas, mas isso é apenas um ponto de partida. Ainda menos urgente em relação ao antecessor Parallel (2020), Three reserva os minutos iniciais para revelar o lado contemplativo de Hebden. Com Loved como música de abertura, o produtor parte de uma bateria cíclica para brincar com a sobreposição dos elementos. São camadas de sintetizadores e vozes etéreas que avançam em uma medida própria de tempo. Instantes em que o artista traz de volta a mesma atmosfera econômica de obras como Pause (2001) e Rounds (2003), porém, de forma ainda mais delicada. Leia o texto completo.
Friko
Where We’ve Been, Where We Go From Here (2024, ATO)
Oficialmente, apenas os músicos Niko Kapetan (voz, guitarra) e Bailey Minzenberger (bateria) integram o Friko, porém, a sensação que temos ao ouvir Where We’ve Been, Where We Go From Here, primeiro álbum de estúdio da dupla de Chicago, é a de que estamos de posse de uma obra maior, feita a muitas mãos. Parte desse resultado vem do natural surgimento de colaboradores ocasionais, entre eles o produtor Scott Tallarida e um reduzido time responsável pelos arranjos de cordas. Entretanto, são os ecos de veteranos da cena independente do dos anos 1990 e 2000 que realmente concedem força ao material. Arcade Fire, Broken Social Scene, Built To Spill, Clap Your Hands Say Yeah e Neutral Milk Hotel são apenas alguns dos nomes que instantaneamente vem à cabeça tão logo o trabalho tem início. A própria imagem de capa, uma criação artesanal de Carolina Chauffe, pode ser facilmente interpretada como uma combinação entre as artes de Fevers and Mirros (2000) e I’m Wide Awake, It’s Morning (2005) do Bright Eyes. É como se décadas de referências, diferentes estilos e estéticas fossem reorganizadas dentro de um mesmo repertório. Leia o texto completo.
Helado Negro
Phasor (2024, 4AD)
Roberto Carlos Lange vive hoje sua melhor fase. Em um contínuo processo de amadurecimento criativo que teve início com o lançamento de Private Energy (2016), passa pelo refinamento de This Is How You Smile (2019) e segue até Far In (2021), cada novo trabalho de estúdio destaca o sempre meticuloso processo de criação do músico que encontrou na identidade de Helado Negro o estímulo para um repertório marcado pela sensibilidade dos temas. São composições reducionistas, porém, profundamente complexas, como um indicativo do caráter processual e uso de pequenos acréscimos que orientam os registros do compositor. Mais recente trabalho de estúdio do músico, Phasor funciona como uma boa representação desse resultado. Concebido após uma viagem de Lange à Universidade de Illinois, onde foi apresentado ao sintetizador Sal-Mar, uma complexa máquina desenvolvida pelo compositor Salvatore Martirano para criar um número infinito de sequências sonoras, o álbum de nove faixas é uma desses registros que se revelam ao público em pequenas doses, sem pressa. Ainda que a introdutória LFO (Lupe Finds Oliveros) evidencie uma urgência poucas vezes antes vista na obra de Helado Negro, cada movimento do instrumentista abre passagem para um universo de novas possibilidades, diferentes ritmos e curiosas mudanças de percurso. Leia o texto completo.
Hermeto Pascoal
Pra Você, Ilza (2024, Rocinante)
Entre o final da década de 1990 e início dos anos 2000, o compositor alagoano Hermeto Pascoal escreveu um total de 198 partituras registradas em um caderno dedicado à esposa, Ilza, com quem foi casado por 46 anos e teve seis filhos. Agora, mais de duas décadas após a partida da mulher amada, o “bruxo” retorna com Pra Você, Ilza, trabalho em que resgata parte dessas canções, porém, substitui o tom fúnebre de outros exemplares do gênero por um repertório que funciona como uma celebração à vida. Acompanhado pelos músicos André Marques (piano), Jota P (saxofone), Fábio Pascoal (percussão), Itiberê Zwarg (baixo) e Ajurinã Zwarg (bateria), o artista estabelece logo na introdutória Passeando pelo Jardim parte dos temas que serão explorados ao longo da obra. São delicadas paisagens instrumentais, sempre orientadas por antigas memórias e experiências vividas entre o compositor e a mulher amada, mas que a todo instante rompem com o comum, possibilitando o surgimento de momentos de maior experimentação. Leia o texto completo.
Jessica Pratt
Here In The Pitch (2024, Mexican Summer)
Em Here In the Pitch, tão importante quanto os arranjos e vozes trabalhados por Jessica Pratt, são os silêncios. Bolsões estrategicamente posicionados que acabam revelando os estalos dos instrumentos, criam pequenos respiros e concedem ao quarto álbum de estúdio da cantora e compositora norte-americana uma atmosfera única. Um espaço empoeirado que aponta para a década de 1960, como um olhar para o passado, porém, mantendo os dois pés firmes no presente e suas inquietações coletivas. “E ultimamente tenho estado insegura / As chances de uma vida inteira podem esconder seus truques na minha manga / Costumavam ser maiores, agora eu vejo“, detalha na introdutória Life Is, canção que destaca a sensibilidade poética e pequenas angústias que há mais de uma década embalam o trabalho da cantora. São composições talvez reducionistas em excesso, porém, dotadas de uma grandeza incomensurável, como uma acumulo natural dos tormentos, memórias e experiências dolorosas que atravessam a vida de Pratt. Leia o texto completo.
Julia Holter
Something In The Room She Moves (2024, Domino)
Something In The Room She Moves não é uma obra de rápida interpretação ou para quem busca por respostas fáceis. E não poderia ser diferente. A própria Julia Holter levou mais de dois anos até organizar suas ideias que pareciam espalhadas em meio a uma série de transformações pessoais, como o nascimento da primeira filha durante a pandemia de Covid-19, a perda da voz em decorrência da mesma doença, o falecimento dos avós e a morte precoce de um sobrinho de 18 anos, a quem dedica o trabalho. É como se Holter, mesmo dona de um vasto repertório que se acumula desde a segunda metade dos anos 2000, pela primeira vez tivesse que repensar a própria obra e a forma como se articula dentro de estúdio. Quinta faixa do álbum, Meyou talvez seja a composição mais representativa desse processo. Utilizando da voz como única ferramenta de trabalho, a artista cria um diálogo existencial em que se divide em duas. São harmonias de vozes que vão da calmaria ao caos, tensionando a experiência do ouvinte e rumos do disco. Leia o texto completo.
Jup do Bairro
In.corpo.ração (2024, Independente)
O corpo ainda é a principal ferramenta de trabalho de Jup do Bairro. Quatro anos após questionar “o que pode um corpo sem juízo?“, a multiartista paulistana está de volta com o provocativo In.corpo.ração, registro em que amplia a própria pesquisa, se debruça em novas temáticas e ainda estreita laços com outros parceiros criativos. São diálogos poéticos e sonoros que vão dos membros da Cyberkills, responsáveis pela produção do material, aos eventuais encontros que acontecem no decorrer das canções. Com Sinfonia do Corpo (In.corpo.ração) como composição de abertura, Jup apresenta para das regras que serão implementadas e conceitualmente ampliadas ao longo do material. Enquanto os versos mais uma vez reforçam o lirismo político da artista (“Cadê o futuro que eu construí? / Olhava meus dedos ralados / Segui no muro que nunca subi“), batidas eletrônicas alternam entre o convite às pistas e a necessidade de seguir em frente, como um complemento direto ao que se projeta na letra (“Mesmo sem me mover, ainda danço“). Leia o texto completo.
Kali Malone
All Life Long (2024, Ideologic Organ)
Registros com foco na produção minimalista costumam se revelar como exercícios criativos marcados pela atmosfera solitária. Dentro de estúdios e quartos fechados, compositores buscam dar vida a suas ideias por meio de instrumentos, computadores e outras ferramentas de trabalho. Não é o caso de All Life Long. Mais recente criação da compositora e pianista estadunidense Kali Malone, o repertório gravado em diferentes locações mostra o esforço da instrumentista radicada na Suécia em continuamente tensionar os limites da própria obra, trilhar novos caminhos e estreitar laços com diferentes colaboradores. Inaugurado pelo uso das vozes em Passage Through The Spheres, o trabalho instantaneamente rompe com as bases densas que há mais de uma década orientam as criações da instrumentista e revela o que talvez seja o principal direcionamento criativo de Malone em All Life Long: ampliar os próprios domínios. São estudos que preservam as habituais repetições que marcam a obra da compositora, porém, partindo de uma nova perspectiva, como uma fuga do enquadramento solitário vivido durante o período pandêmico. Leia o texto completo.
Kali Uchis
Orquídeas (2024, Geffen)
Dizer que Kali Uchis vive hoje sua melhor fase seria um erro. Afinal, desde que revelou o primeiro álbum de estúdio da carreira, Isolation (2018), a cantora e compositora norte-americana em nenhum momento deixou de surpreender. Depois de alcançar uma parcela ainda maior do público durante a apresentação de Sin Miedo (del Amor y Otros Demonios) (2020), a artista descendente de colombianos passou a investir em uma abordagem ainda mais sofisticada, vide o neo-soul psicodélico de Red Moon In Venus (2023), obra que se competa agora, dez meses depois, com a chegada do fino repertório de Orquídeas. Embora concebido simultaneamente com o registro que o antecede, o que explica o mesmo refinamento estético e rica base instrumental, Orquídeas soa como uma continuação direta do material entregue pela cantora durante o lançamento de Sin Miedo (del Amor y Otros Demonios). Parte desse resultado vem da escolha de Uchis em reservar ao disco um catálogo de canções interpretadas quase que integralmente em espanhol. Mais do que isso, o trabalho marcado pela vulnerabilidade dos temas, dramas e sentimentos avassaladores funciona como um componente de diálogo com diferentes representantes da música latina. Leia o texto completo.
Kamau
Documentário (2024, Plano Áudio)
Dizem que é nos menores frascos que se escondem os melhores perfumes e os piores venenos. No caso de Kamau, as rimas mais impactantes. Em Documentário, primeiro trabalho de estúdio do rapper paulistano após um intervalo de mais de uma década, cada uma das composições que abastecem o disco se resolvem em um intervalo de pouco mais de um minuto de duração. Um repertório essencialmente enxuto e livre de possíveis excessos, porém, tão denso quanto qualquer outro registro revelado pelo artista. Entregue ao público em pequenas doses ao longo do último ano, porém, somente agora organizado pelo rapper, o trabalho naturalmente peca pela ausência de surpresa na mesma medida em que cresce como uma obra única. São composições marcadas pelo reducionismo das batidas, uso de bases atmosféricas e vozes posicionadas em primeiro plano, trazendo uma clareza nas formação dos versos que potencializa a mesma riqueza de ideias e poesia afiada explícita nos antecessores Non Ducor Duco (2008) e Entre (2012). Leia o texto completo.
Kim Gordon
The Collective (2024, Matador)
Primeiro trabalho de estúdio da cantora e compositora norte-americana após um intervalo de cinco anos, The Collective nasce como um acumulo das experiências e observações da artista sobre a nossa sociedade. Canções que partem da exposição excessiva nas redes sociais para jogar luz sobre outros comportamentos meticulosamente interpretados e dissolvidos em camadas de distorção. Mais uma vez acompanhada pelo produtor Justin Raisen, com quem havia colaborado no disco anterior, No Home Record (2019), a artista estabelece um ponto de equilíbrio entre o experimentalismo proposto há mais de quatro décadas, quando deu vida aos primeiros registros do Sonic Youth, com o que se entende hoje como música pop. Das batidas sujas que bebem do mesmo soundcloud rap de Playboi Carti e Lil Uzi Vert, passando pelo uso da vozes que apontam diretamente para Charli XCX, parceira de longa data de Raisen, Gordon parece dançar pelo tempo enquanto aporta em temáticas e conceitos bastante específicos. Leia o texto completo.
Knocked Loose
You Won’t Go Before You’re Supposed To (2024, Pure Noise)
O grito atormentado do vocalista Bryan Garris logo nos segundos iniciais de Thirst, música de abertura em You Won’t Go Before You’re Supposed To, ajuda a entender a crueza que move o terceiro e mais recente trabalho de estúdio do Knocked Loose. Em um intervalo de menos 30 minutos, a banda de Oldham County, Kentucky, enfileira composições que partem de conflitos pessoais, porém, a todo momento se aprofundam em temas religiosos, políticos e sociais que ampliam significativamente os limites do álbum. “Eu tentei lutar contra isso / Mas não consigo me esconder da verdade“, revela Garris logo na composição seguinte, Piece By Piece, reforçando a angústia que invade a construção dos versos. É como um ensaio para o que se revela de forma ainda mais interessante na posterior Suffocate, inusitada parceria com a cantora Poppy e um campo aberto à bateria de Kevin Kaine, sempre marcada pela inserção de tempos estranhos e mudanças de estrutura que acabam tensionando criativamente os demais integrantes do Knocked Loose. Leia o texto completo.
Luiza Brina
Prece (2024, Dobra Discos)
O corpo nu de Luiza Brina sobre o chão de pedra na foto de Daniela Paoliello torna o alegórico bastante explícito: Prece é uma obra sobre conexão. Versos que reverberam como suplicas a Deus, buscam se conectar com a natureza e, principalmente, estabelecem um dialogo do indivíduo com ele próprio. “Pra viver junto é preciso poder viver só / Pra gente se encontrar“, detalha a musicista mineira em Oração 18 (Pra Viver Junto), espécie de canção-síntese do meticuloso repertório que se revela ao ouvinte. Claro que essa autocompreensão e evidente domínio de Brina sobre a própria criação não se dá por acaso. Ainda que finalizado ao longo dos últimos meses, Prece é uma obra que vem sendo montada pela cantora, compositora, produtora e arranjadora mineira há mais de uma década. São composições que ganham contornos de orações, como rezas geradas a partir das observações da artista sobre o cenário ao redor, mas que a todo momento estabelecem um precioso componente de diálogo com qualquer indivíduo. Leia o texto completo.
Malu Maria
Nave Pássaro (2024, Independente)
Nave Pássaro é uma obra diferente de tudo aquilo que Malu Maria havia revelado anteriormente. Embora partilhe do mesmo refinamento técnico explícito nos antecessores Diamantes na Pista (2018) e Ella Terra (2020), o que se percebe no registro de nove faixas é a passagem para um novo território criativo. Canções que partem de uma poética onírica e talvez escapista, porém, estabelecem na firmeza das batidas e íntima relação com as pistas um forte diálogo com a realidade e o próprio ouvinte. Parte desse resultado vem da clara aproximação gerada entre a cantora e o produtor Dustan Gallas, com quem havia colaborado no ainda recente Boate Invisível (2023), último trabalho de Tatá Aeroplano e uma espécie de álbum-irmão de Nave Pássaro. Dessa forma, enquanto Mallu se concentra na formação dos versos, sempre guiada por um pássaro que lhe apareceu em um sonho, Gallas investe na construção das batidas e bases, lembrando as colaborações entre Giorgio Moroder e Donna Summer na década de 1970. Leia o texto completo.
Mannequin Pussy
I Got Heaven (2024, Epitaph)
I Got Heaven é um desses trabalhos que se encerram tão rápido quanto se iniciam, mas não antes de impactar profundamente o ouvinte. Inaugurado pela potente faixa-título, o registro logo estabelece parte das regras e elementos que serão incorporados pelo Mannequin Pussy, grupo hoje formado pelos músicos Marisa Dabice, Kaleen Reading, Colins Regisford e Maxine Steen. São vozes berradas e guitarras ruidosas, porém, marcadas pelo uso de melodias contrastantes que levam o material para outras direções. Exemplo disso fica bastante evidente em Loud Bark, composição que se revela aos poucos, isolando cada instrumento de forma a destacar a produção meticulosa de John Congleton, mas que explode nos minutos finais, como uma representação da entrega de Dabice. Mesmo quando utiliza de uma abordagem acessível, como no som contido de Nothing Like, há sempre um elemento de ruptura que bagunça a ordem do disco e destaca a forte carga emocional da vocalista. “Se é isso que você quer, eu te daria a minha vida“, confessa. Leia o texto completo.
Mdou Moctar
Funeral For Justice (2024, Matador)
Em meados de 2023, enquanto excursionavam pelos Estados Unidos para promover o elogiado Afrique Victime (2021), Mahamadou Souleymane e seus parceiros no Mdou Moctar foram surpreendidos com a notícia de que não poderiam regressar ao país de origem, Níger, na região Oeste do continente africano, por conta de um golpe de estado. Longe de casa e inspirados pelos recentes acontecimentos, o quarteto encontrou o estímulo que faltava para trabalhar no repertório de Funeral For Justice. De forte caráter político, como tudo aquilo que a banda tem incorporado desde as primeiras empreitadas em estúdio, Funeral For Justice sustenta na construção dos versos uma reflexão atenta sobre o impacto do colonialismo europeu no continente africano e a herança do domínio francês em Níger. Em geral, são letras curtas e cíclicas, porém, sempre impactantes, como uma potencialização das temáticas que embalam as criações do grupo desde o amadurecimento artístico e consolidação explícita em Ilana: The Creator (2019). Leia o texto completo.
Mk.gee
I Got Heaven (2024, R&R)
A guitarra solitária que vai de Prince a Jai Paul, as vozes sempre carregadas de efeito, como se saídas de algum trabalho de Bon Iver, a estranha interpretação sobre o R&B, como um diálogo torto com a obra de Frank Ocean. Em Two Star & The Dream Police, primeiro álbum de estúdio de Michael Todd Gordon, o Mk.gee, as referências são bastante explícitas, mas isso não diminui em nada o fascínio sobre a criação do cantor, compositor, multi-instrumentista e produtor norte-americano. São retalhos poéticos e instrumentais que destacam o esforço do artista de Nova Jersey em sutilmente perverter a música pop. Marcado pela fragmentação dos elementos, direcionamento também explícito nos registros anteriores do músico, caso do EP Pronounced McGee (2018) e a mixtape A Museum of Contradiction (2020), Two Star & The Dream Police é uma obra que se revela ao público em pequenas doses, sem pressa. Canções formadas a partir de camadas de guitarras, batidas sempre econômicas, sintetizadores enevoados e inserções vocais que, mesmo distorcidas, em nenhum momento ocultam o domínio técnico do artista. Exemplo disso pode ser percebido na curtinha Rylee & I, composição que soa como uma demo perdida de Michael Jackson. Leia o texto completo.
Moreno Veloso
Mundo Paralelo (2024, Independente)
Mesmo bastante ativo em uma série de exemplares recentes da música brasileira, Moreno Veloso costuma atravessar longos intervalos de tempo entre um trabalho e outro em carreira solo. Foi assim com Máquina de Escrever Música (2000), disco que levou 14 anos até ser substituído pelo ensolarado Coisa Boa (2014), e mais uma década até a chegada do recém-lançado Mundo Paralelo. Entretanto, toda essa espera costuma valer a pena quando nos deparamos com o repertório ofertado pelo músico baiano. A exemplo do registro que o antecede, Mundo Paralelo serve de passagem para um universo particular de Veloso. São composições gestadas durante o período pandêmico, como uma fuga temporária da realidade sombria a que fomos submetidos, porém, não necessariamente escapistas. Fragmentos de memórias que aproximam o ouvinte desse ambiente tão imaginativo quanto profundamente real. “Eu me transporto a um mundo paralelo / Aquilo ali é um elo com o transcendental“, canta na introdutória faixa-título do trabalho. Leia o texto completo.
Paira
EP01 (2024, Balaclava Records)
Como pode tamanha carga emocional caber dentro de uma obra tão curta? Em um intervalo de 16 minutos, os integrantes do Paira, dupla mineira formada por Clara Borges e André Pádua, não apenas transitam por diferentes temáticas que se aprofundam em tormentos bastante característicos de qualquer jovem adulto, como ainda utilizam de um amplo catálogo de ritmos, incontáveis referências criativas e outros elementos estéticos que potencializam as experiências sentimentais dissolvidas em EP01. “Sozinha / Eu não sei mais me encontrar“, confessa Borges logos nos minutos iniciais da obra, em Música Lenta, composição que, diferente do apontado no próprio título, avança para cima do ouvinte com uma ferocidade absurda, escancarando as angústias e temas instrumentais que orientam o trabalho da dupla mineira. São batidas fragmentadas e urgentes, como um aceno para o breakcore/drum and bass produzido na década de 1990, porém, sempre acompanhadas pela intensa inserção de guitarras altamente melódicas. Leia o texto completo.
Papisa
Amor Delírio (2024, Independente)
Se Fenda (2019) era um disco voltado pra dentro, explorando questões sobre a morte e a inevitabilidade da passagem do tempo, Amor Delírio parece seguir o caminho oposto. Do uso radiante das melodias, passando pela delicadeza e maior fluidez dos vocais, cada mínimo fragmento do segundo e mais recente trabalho de Rita Oliva como Papisa destaca a suavidade poética e sonora da instrumentista. Um repertório entregue ao amor, mas que partilha da mesma complexidade temática do registro anterior. “Eu plantei flores no quintal / Amores no verão / Dores virarão / Roupas no varal“, canta logo nos minutos iniciais, em Dores No Varal, criação em que se despede dos temas soturnos que marcam as composições de Fenda e aponta o caminho para o restante do material. São histórias sobre amores passageiros, porém, sempre marcantes e complexos. Um objeto temático há muito explorado por diferentes artistas, mas que ganha um fino toque de transformação e identidade ao ser incorporado dentro da lógica própria de Oliva. Leia o texto completo.
Sofia Freire
Ponta Da Língua (2024, Independente)
“Quis explodir o teto / Pra que só o céu lhe cobrisse a cabeça“, canta Sofia Freire nos primeiros minutos de Autofagia. Escolhida como composição de abertura em Ponta Da Língua, terceiro e mais recente trabalho de estúdio da cantora, compositora e produtora pernambucana, a faixa adornada pelo uso dos sintetizadores funciona como uma representação do sentimento de liberdade que sutilmente invade o repertório do disco. É como o princípio de uma nova fase na carreira da recifense e, ao mesmo tempo, o encerramento de uma jornada sentimental e criativa que marcou os últimos anos da musicista. Isolada em casa durante o período pandêmico, Freire foi acometida por um bloqueio criativo e uma intensa crise existencial que a distanciou da música por quase um ano. As palavras e sentimentos estavam ali, na ponta da língua, porém, impossíveis de serem articulados. Foi só depois de se reconectar criativamente a partir de outras manifestações artísticas, como o desenho, que a musicista pode enfim dar vida ao sucessor do contemplativo Romã (2017). O resultado desse processe está na entrega de um material que partilha do mesmo lirismo internalizado que marca o lançamento anterior, mas que, aos poucos, joga tudo para fora. Leia o texto completo.
St. Vincent
All Born Screaming (2024, Virgin / Total Pleasure)
Em mais de duas décadas de atuação, Annie Erin Clark já foi de tudo um pouco como St. Vincent. Da garota comportada em início de carreira à rockstar, da artista conceitual à diva pop. É como se cada novo registro de estúdio servisse de passagem para um território criativo completamente reformulado. Um campo aberto às possibilidades, sempre em constante expansão, conceito que volta a se repetir com a entrega de All Born Screaming, primeiro trabalho de inéditas produzido inteiramente por Clark. Livre de Jack Antonoff, com quem havia colaborado nos discos anteriores, Clark parece ter alcançado um ponto de equilíbrio entre o experimentalismo que se segue até o homônimo álbum de 2014 e a busca por uma sonoridade mais acessível, postura adotada após o lançamento de Masseduction (2017). O resultado desse processo está na entrega de um material que concentra o que há de melhor na obra de St. Vincent. Um misto de calmaria e caos, suavidade e estranheza que acompanha o ouvinte até os momentos finais. Leia o texto completo.
Tagore
Barra de Jangada (2024, Estelita)
Se existe uma coisa que a indústria da música soube como saturar ao longo das últimas duas décadas são trabalhos ancorados na estética da década de 1980. Do uso quase caricatural dos sintetizadores à bateria ecoada, pouquíssimos são os artistas capazes de emular o passado e ainda fazer disso o estímulo para algo genuinamente autoral. Músico pernambucano, Tagore é o mais novo interessado em mergulhar nesse mar de nostalgia e, diferente de outros compositores, parece ter encontrado algo que pertence somente a ele. Em Barra de Jangada, o instrumentista deixa de lado os temas urbanos e o brilho neon que iluminou a produção do eixo Rio-São Paulo na década de 1980 para explorar o repertório nordestino do mesmo período. São canções inspiradas por memórias da infância na região que dá nome ao disco e na relação com o próprio pai, o artista plástico Fernando Suassuna, que veio a falecer em 2020, no meio da pandemia de Covid-19. Uma obra que aponta para o passado, porém, mantém os pés firmes no presente. Leia o texto completo.
Taxidermia
Vera Cruz Island (2024, Independente)
Localizada na Ilha de Itaparica, na Bahia, com vista para a capital Salvador, Vera Cruz é um espaço físico e, ao mesmo tempo, um campo aberto às possibilidades sonoras da dupla formada por João Miliet Meireles e Jadsa no Taxidermia. Parceiros de longa data, os dois compositores estabelecem nesse ambiente litorâneo e conceitual o estímulo para o fino repertório de Vera Cruz Island, disco que transita por diferentes estilos e estabelece no intenso caráter exploratório a base para cada uma de suas canções. Inaugurado de forma sutil, partindo das abstrações e vozes eletrônicas de Pureza, Vera Cruz Island é um trabalho que se revela aos poucos, porém, estabelece na construção dos versos uma clara celebração ao povo baiano e sua herança cultural. “Puro, todo feito ele de matéria nobre / Corpo, preto nascido por pura sorte na Bahia / Sangue, de riqueza homem munido de corre“, canta Jadsa em meio a batidas, camadas de sintetizadores e estruturas irregulares que aos poucos arremessam o ouvinte de um canto a outro do disco. Leia o texto completo.
The Smile
Wall Of Eyes (2024, XL)
A Light For Attracting Attention (2022) ainda nem havia esfriado quando Thom Yorke e Jonny Greenwood, também membros do Radiohead, e o baterista Tom Skinner, ex-integrante do Sons of Kemet, começaram a trabalhar no segundo álbum de estúdio do paralelo The Smile. Mesmo as apresentações da banda, como a intensa passagem pelo festival de jazz de Montreux, que resultou em um excelente registro ao vivo, davam a entender que um novo material de inéditas estava por vir. Entretanto, contra toda essa aparente euforia, o que se percebe em Wall Of Eyes é uma obra que segue em uma medida particular de tempo. Não por acaso, em junho do último ano, quando a banda começou a preparar o terreno para um provável retorno, foi a extensa Bending Hectic, com mais de oito minutos de duração, a composição escolhida para inaugurar essa nova fase do trio. Mais do que uma escolha aleatória, a faixa, completa pela produção de Sam Petts-Davies e as cordas da London Contemporary Orchestra, com quem os membros do Radiohead têm colaborado desde A Moon Shaped Pool (2016), sintetiza parte dos temas que orientam a formação do disco. São versos que tratam sobre a relação com a morte e as experiências humanas, porém, partindo de uma abordagem próxima do onírico. Um misto de realidade e ilusão que vai da poesia aos instrumentos. Leia o texto completo.
Tuyo
Paisagem (2024, BMG)
Nas mãos erradas, Paisagem é um trabalho que dificilmente daria certo. Em um intervalo de poucos minutos, incontáveis variações rítmicas se entrelaçam em uma abordagem que parte do R&B, mas em nenhum momento busca conforto em um gênero específico. Composições que alternam entre o canto e a rima, detalham experimentações sutis com a música eletrônica e ainda usam de elementos orquestrais. O princípio de uma verdadeira confusão estética, mas que dá muito certo nas mãos dos integrantes da Tuyo. Tendo no uso quase instrumental das vozes um precioso elemento de amarra, as irmãs Lio e Lay Soares e o músico Jean Machado se aventuram na construção de um repertório essencialmente diverso, mas que em nenhum momento rompe com o que parece ser um limite pré-estabelecido pelo trio. São composições que deixam de lado parte do acabamento acústico que marca os primeiros registros autorais, como Pra Curar (2018), destacando o uso dos sintetizadores, batidas e demais componentes voltados à produção eletrônica. Leia o texto completo.
Vampire Weekend
Only God Was Above Us (2024, Columbia)
Poucas vezes antes um trabalho do Vampire Weekend pareceu tão direto e ao mesmo tempo complexo quanto Only God Was Above Us. Contraponto ao repertório entregue em Father Of The Bride (2019), registro que marca a adaptação e busca de Ezra Koenig por diferentes possibilidades após a saída do principal parceiro criativo, o multi-instrumentista Rostam Batmanglij, o registro de dez canções encanta ao assumir um percurso torto e autorreferencial, porém, totalmente livre de possíveis excessos. Declaradamente inspirado pela cidade de Nova Iorque, seus personagens e acontecimentos mundanos ao longo das últimas décadas do século XX, Only God Was Above Us se apresenta como uma pitoresca colcha de retalhos e crônicas musicadas, contudo, estabelece em simbologias políticas um importante diálogo com o presente. “Inverídico, cruel e antinatural / Como o cruel, com o tempo, se torna clássico“, canta Koenig em Classical, composição que trata sobre a naturalização da violência dentro da sociedade norte-americana em uma abordagem que atravessa diferentes épocas, incontáveis referências e retalhos de fatos históricos. Leia o texto completo.
Waxahatchee
Tigers Blood (2024, Anti-)
Katie Crutchfield é um desses raros casos de uma compositora que marcou um período de tempo bastante específico com Cerulean Salt (2013), primeiro lançamento de destaque como Waxahatchee, passou por um lento processo de transformação que envolve registros como Ivy Tripp (2015) e Out in the Storm (2017), até ser reapresentada à uma parcela ainda maior do público com a chegada de Saint Cloud (2020). É como se diferentes vidas e sempre contrastantes propostas criativas habitassem o interior de uma mesma pessoa. Não por acaso, ao mergulharmos nas canções de Tigers Blood (2024, Anti-), sexto e mais recente álbum de estúdio de Waxahatchee, todos esses componentes acumulados ao longo da última década de carreira se projetam com a mesma intensidade. É como um resumo involuntário de tudo aquilo que define a obra de Crutchfield até aqui. Um misto de passado e presente que invariavelmente esbarra em pequenas repetições estilísticas, porém, estabelece na construção dos versos um necessário elemento de maior transformação. Leia o texto completo.
Yaya Bey
Ten Fold (2024, Big Dada)
Mesmo jogando dentro das regras do R&B tradicional, Yaya Bey é uma artista que surpreende a cada novo trabalho de estúdio. Mais recente empreitada criativa da cantora e compositora norte-americana, Ten Fold funciona como uma boa representação desse resultado. Sequência ao material entregue em Remember Your North Star (2022), o registro chama a atenção pela pluralidade de elementos, porém, preservando a forte aproximação entre as faixas e temas sutilmente incorporados até os momentos finais. Passagem para um universo particular da artista, sempre ancorada em memórias de um passado recente, conflitos sentimentais e canções que destacam a vulnerabilidade dos versos, Ten Fold se revela como uma obra de natureza complexa, ainda que dotada de um dinamismo único. São composições que se resolvem em um intervalo de até dois minutos, destacando o poder de síntese de Bey, direcionamento que tem sido incorporado desde o primeiro trabalho de estúdio, o bom The Many Alter-Egos of Trill’eta Brown (2016). Leia o texto completo.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.
Jornalista, criador do Música Instantânea e integrante do podcast Vamos Falar Sobre Música. Já passou por diferentes publicações de Editora Abril, foi editor de Cultura e Entretenimento no Huffington Post Brasil, colaborou com a Folha de S. Paulo e trabalhou com Brand Experience e Creative Copywriter em marcas como Itaú e QuintoAndar. Pai do Pudim, “ataca de DJ” nas horas vagas e adora ganhar discos de vinil de presente.